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Polícia e investigação

Operação que resultou na morte de indígena na Bahia foi planejada por cerca de 200 fazendeiros através do WhatsApp

Morte de indígena em conflito de terra gera protestos e ação governamental na Bahia.

Avatar De Redação Portal Chicosabetudo

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Reprodução

Potiraguá, BA – Uma operação que resultou na morte de Maria Fátima Muniz de Andrade, indígena na cidade de Potiraguá, sul da Bahia, foi planejada por aproximadamente 200 fazendeiros através de um grupo no WhatsApp. Esta informação foi divulgada pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) na última segunda-feira (22), após a visita da ministra Sonia Guajajara à região.

A ação ocorreu em uma área denominada Fazenda Inhuma, recentemente ocupada por indígenas do povo Pataxó Hã Hã Hãe, que a consideram território de ocupação tradicional. O grupo de fazendeiros e comerciantes, autodenominado “Invasão Zero”, organizou-se para reaver a propriedade, sem decisão judicial, utilizando dezenas de caminhonetes.

Durante o confronto, que aconteceu no domingo (21), dois fazendeiros foram detidos, incluindo o responsável pelos disparos que vitimaram Maria Fátima Muniz de Andrade. Um indígena, armado artesanalmente, também foi preso. Conforme relatos da Polícia Militar, um fazendeiro foi ferido por uma flecha e outras sete pessoas sofreram lesões, mas sem risco de morte. Entre os feridos, está uma mulher com o braço quebrado e o cacique Nailton Muniz Pataxó, que foi baleado mas sobreviveu.

Maria Fátima foi sepultada na tarde de segunda-feira na região de Pau Brasil, onde residia. A ministra Sonia Guajajara, após desembarcar em Ilhéus, visitou as vítimas internadas no Hospital Costa do Cacau e se dirigiu à fazenda onde ocorreu o confronto.

Em paralelo, integrantes do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) bloquearam trechos da BR-101 nos municípios de Teixeira de Freitas, Itamaraju e Itabela, em solidariedade aos indígenas e solicitando rapidez nas investigações.

O governador Jerônimo Rodrigues, eleito em 2022 e autodeclarado indígena, convocou uma reunião no domingo com secretários e chefes de segurança, visando intensificar o monitoramento em áreas de conflito. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) ampliou o patrulhamento na região, com a participação de unidades da Polícia Militar e da Polícia Civil, que estão coletando depoimentos de testemunhas. O caso está sendo investigado pela delegacia de Itapetinga e acompanhado pela Diretoria Regional de Polícia do Interior (Dirpin/Sudoeste-Sul).

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