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    Política

    Projeto em Salvador propõe incluir Bíblia como paradidático nas escolas

    Projeto na Câmara de Salvador propõe incluir a Bíblia nas escolas como material paradidático; proposta facultativa e sem indicação de versão gera polêmica.

    13/11/2025 às 03:30

    Um projeto de lei apresentado na Câmara Municipal de Salvador, na Bahia propôs incluir a Bíblia Sagrada como material paradidático nas escolas públicas e privadas da cidade. A justificativa oficial era que o texto poderia complementar disciplinas como História, Literatura, Ensino Religioso, Artes e Filosofia — mas a ideia provocou ampla polêmica nas redes sociais.

    O autor da proposta foi o vereador Kênio Rezende (PRD). O projeto dizia que a participação dos alunos nas atividades envolvendo a Bíblia seria facultativa e citava a garantia da liberdade religiosa prevista na Constituição Federal, mas não especificava qual versão do livro seria adotada. Essa omissão levantou dúvidas sobre diversidade religiosa e a adequação do conteúdo nas salas de aula.

    Mas qual versão da Bíblia seria usada? E como garantir que alunos de outras crenças — ou sem crença — não se sintam constrangidos? Perguntas como essas alimentaram o debate público.

    Nas redes, a influenciadora e escritora Bárbara Carine manifestou-se contra a proposta em vídeo. Ela classificou a iniciativa como “revoltante” e afirmou que “a proposta é vergonhosa”, defendendo que a escola deve permanecer laica e respeitar a pluralidade religiosa e cultural do ambiente escolar.

    O tema não ficou restrito a Salvador. Em Belo Horizonte, Minas Gerais, um projeto semelhante foi aprovado recentemente e também desencadeou intenso debate na câmara municipal local. Parlamentares contrários disseram que a medida feria o princípio da laicidade do Estado e poderia constranger alunos de outras crenças ou sem religião; defensores, por sua vez, argumentaram que o conteúdo tem valor cultural e histórico.

    O que dizem os especialistas

    Especialistas em educação ressaltam que a definição de conteúdos pedagógicos deve ser feita por órgãos técnicos e educacionais, como a Secretaria Municipal de Educação e os Conselhos de Educação, em conformidade com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a legislação vigente.

    Resumo dos pontos principais:

    • Proposta em Salvador para incluir a Bíblia como paradidático.
    • Autor: Kênio Rezende (PRD); participação dos alunos prevista como facultativa.
    • Não havia indicação de qual versão da Bíblia seria adotada, gerando dúvidas sobre pluralidade.
    • Bárbara Carine criticou a iniciativa, chamando-a de “revoltante” e “vergonhosa”.
    • Projeto semelhante em Belo Horizonte já gerou debates sobre laicidade.

    Até o momento não houve confirmação de audiências públicas ou de futuras votações sobre a proposta. O assunto segue alimentando o debate público sobre como equilibrar o reconhecimento do patrimônio cultural e histórico com a laicidade e a inclusão religiosa nas escolas. Como conciliar esses valores em sala de aula continua sendo a pergunta central.