Cenário Político
Caso das joias da Arábia Saudita expõe possível prática de corrupção no governo Bolsonaro
Uma notícia-crime apresentada pela deputada Erika Hilton (Psol-SP) neste sábado (4) pede ao Ministério Público Federal (MPF) que investigue a tentativa do governo de Jair Bolsonaro de trazer para o Brasil, de forma ilegal, joias avaliadas em mais de R$ 16,5 milhões, que seriam um presente da Arábia Saudita para Michelle Bolsonaro.
De acordo com a parlamentar, há fortes indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama movimentaram três ministérios para resgatar as joias da apreensão pela Receita Federal, a fim de ocultar o registro da apreensão. O ex-presidente, por sua vez, negou envolvimento no caso e afirmou que as joias não foram trazidas ilegalmente.
As joias, que incluem um anel, colar, relógio e brincos de diamantes, foram apreendidas no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na bagagem de um assessor de Bento Albuquerque. Segundo Erika Hilton, as joias não se tratavam de um presente oficial, “mas, sim, um suposto presente pessoal, onde a máquina pública foi movimentada, inclusive com custos de voo de um avião da FAB, para retirar ilegalmente o bem da posse da Receita Federal”.
O caso está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF), a pedido de parlamentares de oposição. O ex-ministro Bento Albuquerque alegou que as joias eram “presentes institucionais destinados à Representação brasileira integrada por Comitiva do Ministério de Minas e Energia – portanto, do Estado brasileiro”.
Os itens foram retidos pela Receita Federal por não terem seguido o procedimento legal para entrada no país, que exige a declaração às autoridades alfandegárias e o pagamento dos tributos. O valor das joias está avaliado em 3 milhões de euros (cerca de R$ 16,5 milhões). O ex-presidente Jair Bolsonaro tentou, ao menos quatro vezes, por meio de ofícios, reaver as joias apreendidas, sem sucesso.
Em entrevista à CNN Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro negou envolvimento no caso e afirmou: “Estou sendo acusado de um presente que eu não pedi, nem recebi. Não existe qualquer ilegalidade da minha parte. Nunca pratiquei ilegalidade. Veja o meu cartão corporativo pessoal. Nunca saquei, nem paguei nenhum centavo nesse cartão”. Ele também afirmou que as joias iriam para o acervo da Presidência.
O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que vai acionar a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para que entrem no caso. “Isso cheira, no mínimo, a lavagem de dinheiro”, escreveu nas redes sociais.
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