O vereador Hamilton Assis (PSOL), da Câmara Municipal de Salvador, denunciou publicamente ataques racistas direcionados ao seu mandato na Casa Legislativa. Os ataques teriam ocorrido após sua atuação em apoio aos servidores municipais durante a votação do reajuste salarial, além de sua posição política firme contra projetos que, segundo ele, prejudicam os trabalhadores.
Hamilton Assis relatou que os ataques ultrapassam a esfera política e têm o objetivo de deslegitimar seu mandato por meio de estereótipos racistas, incluindo ofensas que o associam a imagens negativas do homem negro. “Nessa Casa, em razão do meu apoio aos professores e professoras, além da minha posição contra um PL que destroçaram nosso Plano de carreira, foi levantada a possibilidade de eu ser um drogado, mentiroso, dentre outras ofensas. Um parlamentar chegou a afirmar que tinha medo de sentar ao meu lado. Sei que sou atacado pelo que represento. Também sei que a imputação de um estereótipo do homem negro violento é próprio do racismo. A professora baiana Meire Reis, em ‘A cor da notícia’, trata como esse modo contribui para legitimar a violência do Estado contra a população negra”, afirmou o vereador.
Ele acrescentou que “as professoras e os professores, nesse espaço, também foram desrespeitados, até a capacidade intelectual dos profissionais foi questionada. Não vamos aceitar esses ataques, não vão silenciar o nosso mandato, que é socialista, popular e está ao lado dos interesses da população”.
O vereador também criticou a gestão municipal, destacando que “o desemprego persiste, a desigualdade e a concentração de renda são intensas, e quem mais sofre com isso é, sem dúvida, a população negra”. Sobre a relação com o Executivo, Assis afirmou que “desde o processo da eleição para a presidência da mesa, participamos e lançamos uma candidatura própria, mas não recebemos retorno sobre a composição das comissões. As respostas que obtivemos foram apenas formais e regimentais”. Ele questionou ainda: “Será que ficaremos de fora disso? Não estamos entendendo, e por isso levantamos esses questionamentos”.
Hamilton Assis enfrenta uma representação que pode resultar na cassação de seu mandato. Na última sessão, realizada na terça-feira, 17, a Câmara instalou o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar para analisar o documento. Em resposta, o vereador declarou: “Não vamos aceitar esses ataques, não vão silenciar o nosso mandato, que é socialista, popular e está ao lado dos interesses da população”.
Este episódio se insere em um contexto mais amplo de denúncias de racismo no meio político brasileiro. Casos recentes, como o da vereadora Ana Lúcia Martins, em Santa Catarina, e do vereador Rafael Satiê, no Rio de Janeiro, também evidenciam a persistência do racismo institucional e os desafios enfrentados por parlamentares negros.
A Câmara Municipal de Salvador, por meio de nota oficial, repudiou veementemente qualquer ato de discriminação e agressão contra o parlamentar e colocou à disposição toda a estrutura da Casa para apoiar a elucidação dos fatos.
O vereador Hamilton Assis reafirmou seu compromisso com o mandato popular e socialista, declarando que não aceitará ser silenciado por ataques racistas e continuará defendendo os interesses da população.
