A promessa de união política entre o prefeito Mário Galinho e seus aliados na Câmara Municipal até soa animadora, mas, cá entre nós, será que isso basta para resolver os problemas de saúde, infraestrutura e empregos que já fazem parte do dia a dia de quem mora em Paulo Afonso? A população não está convencida – e tem bons motivos para isso.
Na manhã do último sábado (2 de agosto), Galinho reuniu seu time de vereadores para, mais uma vez, reforçar aquele velho compromisso: “um por todos, todos pela cidade mais bonita do Brasil”. A ideia, claro, é mostrar força e sintonia entre Prefeitura e Câmara, principalmente nesse momento em que a pressão popular só aumenta.
Galinho assumiu a prefeitura em janeiro de 2025 carregando uma enorme expectativa. Não foi pouca coisa: ele saiu de mecânico e vereador para prefeito eleito, com pouco mais de 50% dos votos. Na campanha, prometeu virar a página da cidade, dar um basta nos problemas de sempre e reerguer Paulo Afonso, que já soma 112 mil habitantes e carrega velhas feridas.
Promessas x Realidade: O Desafio Já Começou Difícil
Quem acompanhou a eleição de 2024 lembra: Galinho apostou tudo no discurso de renovação. Sua história de vida inspirou muita gente – afinal, quem não torce para o “cara comum” chegar lá? Mas a realidade bateu à porta logo nos primeiros meses de gestão, e não foi com boas notícias.
Só para começar, a Prefeitura teve que criar um Gabinete de Crises Emergenciais. Motivo? Herdou uma dívida de mais de R$ 10 milhões na saúde e uma crise no lixo, com 200 toneladas de resíduos sendo produzidas por dia. Fora isso, a transição de governo não foi nada tranquila: secretários relatam computadores bloqueados e arquivos sumidos da gestão anterior, dificultando ainda mais o início do trabalho.
Conquistas Federais: Um Fôlego, Mas Ainda Longe do Fim
Mesmo em meio a tantos obstáculos, a nova gestão tem buscado recursos lá fora. Em abril, Galinho apareceu ao lado do governador Jerônimo Rodrigues e do ministro Rui Costa para anunciar um feito histórico: a construção do Hospital Regional Universitário, um investimento de R$ 155 milhões que vai oferecer 165 leitos, 30 deles de UTI – e transformar Paulo Afonso em referência na região.
Além disso, vieram verbas do Novo PAC para escolas, creches, moradias e mais de R$ 250 milhões para áreas como infraestrutura, saúde e mobilidade. Ou seja: dinheiro garantido não falta. Mas será que agora vai?
Problemas Que Insistem em Ficar
Apesar dos anúncios, a rotina dos pauloafonsinos segue dura. A saúde pública continua sendo o maior drama. Quem precisa de atendimento enfrenta filas, estrutura precária e falta de profissionais. É uma situação que dói – e não é de hoje.
No saneamento básico, a ironia dói ainda mais: Paulo Afonso é uma “ilha cercada de água”, mas muita gente segue sem abastecimento regular e paga caro pelo esgoto. Apenas 34% da população tem acesso ao esgotamento sanitário, bem abaixo da média estadual.
E tem mais: a economia também patina. O turismo perdeu força, empregos não acompanham a demanda e o potencial do Rio São Francisco segue subaproveitado. Faltam projetos que transformem a riqueza natural da cidade em oportunidades reais para quem mora ali.
Oposição Já Pensa em 2028
Enquanto Galinho tenta consolidar sua base, a oposição não perde tempo. Em julho, o vereador Jailson Oliveira, ao lado de ex-candidatos a prefeito e outros vereadores, se reuniu para montar uma frente que promete dar trabalho nas eleições de 2028. O discurso é simples, mas certeiro: “Paulo Afonso merece muito mais”.
Esse movimento deixa claro: mesmo com maioria na Câmara, o prefeito vai precisar mostrar serviço se não quiser ver a pressão política crescer ainda mais. A cobrança, afinal, não vem só do povo – vem também dos bastidores.
O Relógio Corre – E a Paciência Acaba
A tal “união” entre Executivo e Legislativo pode até criar um ambiente mais favorável para destravar projetos, mas a cobrança por resultados concretos só aumenta. Os grandes investimentos federais ainda não chegaram, de fato, à vida das pessoas. E ninguém aguenta mais esperar só promessas.
A população de Paulo Afonso, que já viu muitos discursos e poucas soluções, está de olho. Com o tempo correndo, cresce a pressão para que a foto da união vire, enfim, melhorias de verdade. Não basta estar todo mundo junto na sala de reunião. O povo quer ver obra pronta, hospital funcionando, emprego chegando.
No fim das contas, fica a pergunta: será que agora vai? Só o tempo – e as próximas decisões – vão dizer. Mas uma coisa é certa: a cidade cansou de esperar e não vai se contentar com pouco.