No coração do Pacífico, Tuvalu virou um retrato concreto da crise climática: ilhas baixas, água subindo e um dia a dia cada vez mais incerto para as pessoas que vivem ali.
As ilhas ficam, em média, a dois metros do nível do mar. A água salgada invade plantações durante as marés altas, prejudica a pesca e torna o abastecimento de alimentos mais imprevisível para cerca de 11 mil moradores. O que acontece quando a terra que abriga sua família começa a desaparecer?
Segundo a equipe de Mudança do Nível do Mar da NASA, as ilhas são “extremamente vulneráveis à elevação do nível do mar, inundações e tempestades”.
Adaptações locais
Comunidades tentaram soluções práticas: hortas elevadas, técnicas improvisadas para proteger a água doce e outras medidas de curto prazo. Essas ações ajudam, mas muitas vezes funcionam só como paliativo. Autoridades e moradores passaram a enxergar a migração como a única saída duradoura para parte significativa da população.
Medidas do governo e opções externas
Em 2021, o governo anunciou a intenção de transformar o país em uma nação digital, transferindo serviços públicos e arquivando online história, tradições e locais sagrados — uma forma de preservar identidade mesmo se a população tiver de se deslocar fisicamente.
Externamente, o programa de visto Falepili, criado pela Austrália, passou a oferecer residência permanente a cidadãos de Tuvalu. Reportagens e especialistas viram nessa medida um possível marco: “Tuvalu pode ser o primeiro país do mundo a ver toda a sua população realocada”, alertou reportagem da Wired.
Contexto internacional
O caso de Tuvalu não é isolado. As Maldivas e algumas regiões da Índia também foram apontadas como vulneráveis a riscos semelhantes. Relatórios indicam que partes de Tamil Nadu podem ficar submersas até 2050. O Tribunal Internacional de Justiça afirmou haver uma obrigação de cooperação entre países para enfrentar a crise, mas ressaltou que não tem poder para impor mudanças.
Enquanto isso, a continuidade das emissões de carbono mantém a ameaça ativa. Cientistas e líderes ambientais vêm pedindo ações e compromissos mais ambiciosos por parte das maiores economias para reduzir esse risco.
Como desdobramento concreto, Tuvalu passou a preparar planos para migrar toda a população e segue investindo em iniciativas digitais para preservar sua presença cultural. Programas como o Falepili continuam sendo acompanhados como possíveis instrumentos de relocação em larga escala.