Em um movimento que mistura apaziguamento e confronto, o presidente Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (9) a suspensão temporária das tarifas de até 50% impostas a 75 países, reduzindo-as a 10% por três meses. A exceção fica por conta da China, que terá taxas elevadas a 125% — o maior patamar em um século, superando até a política protecionista de 1930.
A trégua seletiva
Enquanto nações como Canadá, México e membros da União Europeia respiram aliviadas com a pausa nas “tarifas recíprocas”, a escalada contra Pequim revela a complexidade da estratégia trumpista. Dados do Departamento do Tesouro mostram que os impostos médios sobre produtos chineses saltaram de 3% para 54% desde o início do segundo mandato, e agora atingem um nível histórico após o anúncio.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, justificou: “A China continua sendo o principal problema comercial. Eles respondem por 78% do déficit bilateral”. A medida ocorre horas após o governo chinês aumentar suas retaliações contra os EUA para 84%, num claro sinal de que o conflito está longe do fim.
Cenário de incertezas
Analistas do Peterson Institute for International Economics projetam que as novas tarifas podem:
- Aumentar em 15% o preço de eletrônicos e brinquedos nos EUA
- Reduzir o PIB global em até 1.2% em 2026
- Impactar 30% das cadeias produtivas automotivas
“É um terremoto nas relações comerciais. Trump está reescrevendo as regras do jogo, mas o custo para consumidores e empresas será alto”, alerta Miriam González, economista-chefe do JPMorgan.
Próximos capítulos
A janela de 90 dias para negociações com outros países começa imediatamente, com foco em barreiras não tarifárias e subsídios. Enquanto isso, a Bolsa de Nova York reagiu com volatilidade: o Dow Jones subiu 2% após o anúncio, mas acumula queda de 8,4% na semana. O destino dessa guerra comercial agora depende da capacidade de resistência da economia chinesa — e da paciência do eleitorado americano.