Em meio à escalada do conflito entre Israel e Irã, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou a tensão ao afirmar nesta quarta-feira (18) que “não pode dizer” se os EUA atacarão o Irã, enquanto respondeu com ironia à declaração do líder supremo iraniano, Ali Khamenei, que prometeu “consequências irreparáveis” caso os americanos entrem na guerra.
Durante uma coletiva de imprensa nos jardins da Casa Branca, Trump manteve a ambiguidade sobre uma possível intervenção militar americana no conflito. “Vocês nem sabem se eu vou fazer isso. Vocês não sabem. Eu posso fazer, eu posso não fazer. Quer dizer, ninguém sabe o que eu vou fazer”, declarou o presidente americano.
Ironia presidencial e ultimato ao Irã
Quando questionado sobre a recusa de Khamenei em aceitar a “rendição incondicional” exigida por ele na terça-feira (17), Trump limitou-se a responder: “Desejo-lhe boa sorte”. A resposta irônica veio após o líder supremo iraniano afirmar em pronunciamento televisionado que “o Irã não se renderá” e que qualquer ataque americano teria “consequências sérias e irreparáveis”.
“O presidente dos Estados Unidos, em uma declaração inaceitável, instou explicitamente os iranianos a se renderem, mas nós lhe dizemos: primeiro ameace aqueles que têm medo de ser ameaçados. Ameaças não afetarão o pensamento e o comportamento da nação iraniana”, declarou o aiatolá Khamenei.
Negociações fracassadas e ultimato
Trump revelou que o Irã havia proposto negociações na Casa Branca, mas que ele recusou a oferta. “Eu disse que é tarde demais. O Irã deveria ter negociado antes. A paciência acabou”, afirmou o presidente. O governo iraniano, no entanto, negou categoricamente essa informação, declarando que “nenhuma autoridade iraniana jamais pediu para rastejar nos portões da Casa Branca”.
O conflito atual teve início na sexta-feira (13), quando Israel lançou uma ofensiva aérea contra o Irã, atingindo dezenas de instalações militares e nucleares. Desde então, os dois países têm trocado ataques, resultando em pelo menos 248 mortos, sendo 224 no Irã e 24 em Israel, segundo autoridades locais.
Ameaças mútuas e tensão crescente
Na terça-feira (17), Trump havia elevado o tom ao exigir a “rendição incondicional” do Irã e afirmar que sabia exatamente onde o líder supremo iraniano estava escondido. “Sabemos exatamente onde o chamado ‘Líder Supremo’ está escondido. É um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos eliminá-lo (matá-lo!), pelo menos não por enquanto”, escreveu em sua rede social Truth Social.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, declarou ao Comitê de Serviços Armados do Senado americano que os militares do país estão “preparados para executar” qualquer decisão tomada por Trump, seja de guerra ou de paz. Essa afirmação reforça a possibilidade de uma intervenção militar americana no conflito.
Posicionamento internacional
Os líderes do G7 divulgaram uma declaração na segunda-feira (16) expressando apoio a Israel e condenando o Irã como “fonte de instabilidade e terror” no Oriente Médio. O documento reiterou a posição de que Teerã “não deve, sob nenhuma circunstância, adquirir uma arma nuclear”.
O Irã respondeu ao posicionamento do G7 afirmando que os países ignoram a “flagrante agressão” de Israel contra seu território. Em comunicado, Teerã pediu aos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU que “atuem agora” e detenham o “agressor”.
Preparativos militares
Autoridades americanas revelaram que o Irã preparou mísseis e outros equipamentos militares para possíveis ataques a bases americanas no Oriente Médio. Comandantes puseram tropas americanas em alerta máximo em bases militares por toda a região, incluindo Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Arábia Saudita. Os Estados Unidos têm mais de 40 mil soldados destacados no Oriente Médio.
Duas autoridades iranianas indicaram que, em caso de ataque americano, a retaliação começaria pelas bases dos EUA no Iraque, tendo como alvo quaisquer instalações em países árabes que participem de uma ofensiva contra o Irã. Outras fontes mencionaram a possibilidade de o Irã minar o Estreito de Ormuz, uma tática que visa encurralar navios de guerra americanos no Golfo Pérsico.
Trump defendeu a ideia de que o Irã possui “más intenções” com seu programa nuclear. “Eles não devem ter uma arma nuclear, devem entregá-la. A única coisa que quero é que eles não tenham uma arma nuclear. Apenas isso”, afirmou o presidente americano.
O conflito entre Israel e Irã continua a se intensificar, com ambos os lados realizando novos ataques e trocando ameaças, enquanto a comunidade internacional observa com preocupação a possibilidade de uma guerra regional mais ampla no Oriente Médio.