O cenário geopolítico global registrou uma inflexão nesta segunda-feira (14), quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu um ultimato ao líder russo, Vladimir Putin. Durante pronunciamento na Casa Branca, ao lado do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, Trump estabeleceu um prazo de 50 dias para que Moscou declare um cessar-fogo com Kiev. Caso a condição não seja atendida, a Rússia enfrentará sanções econômicas rigorosas, incluindo tarifas “secundárias” que podem alcançar até 100%.
Essas sanções, conforme ressaltou o presidente americano, possuem um caráter “muito poderoso”, uma vez que podem atingir empresas e instituições financeiras de nações que mantêm relações comerciais com a Rússia. Parceiros como China, Índia e Brasil, membros do Brics e grandes importadores de petróleo e diesel russos, poderiam ser afetados. A retórica de Trump marca uma mudança notável em sua abordagem, após um período de postura mais próxima a Moscou.
Retomada de Suporte Militar à Ucrânia
Paralelamente ao ultimato, o governo americano anunciou a retomada do envio de sistemas de defesa aérea Patriot para a Ucrânia. A ação é vista como um gesto de reaproximação com a Otan, aliança militar da qual Trump foi um crítico no passado. Os custos dessa operação, segundo o presidente dos EUA, serão arcados pela própria Otan.
A Alemanha, por sua vez, já se comprometeu a financiar ao menos três novos sistemas Patriot, que se somarão aos seis já operacionais na Ucrânia. Cada sistema inclui seis lançadores de mísseis antiaéreos. Os equipamentos enviados, contudo, provêm de pacotes de defesa que foram previamente autorizados pelo ex-presidente democrata Joe Biden. Até abril deste ano, o Instituto de Economia Mundial de Kiel indicou que os Estados Unidos já destinaram cerca de R$ 416 bilhões em armamentos a Kiev.
Reações e Contexto Diplomático
Apesar da nova posição, Trump evitou classificações mais duras para Putin, descrevendo-o apenas como “durão” e “enganador”, em vez de “assassino”. Ele expressou frustração com a conduta do líder russo, afirmando:
Ele fala bem e depois bombardeia todo mundo à noite.
Em Moscou, a resposta inicial foi de cautela. Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, declarou que o fornecimento de armas por parte dos Estados Unidos à Ucrânia nunca cessou. Ele também reforçou que a Rússia aguarda uma sinalização de Kiev para retomar as negociações diretas. Fontes próximas ao governo russo interpretam a nova postura de Trump como uma busca por um “troféu político”, visando fortalecer os laços com a Otan, evidenciado pela presença de Mark Rutte na Casa Branca.
Otan e Relações Externas
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, tem se esforçado para alinhar o discurso da aliança com as expectativas de Donald Trump. Recentemente, durante uma cúpula da Otan, Rutte celebrou a nova meta de gastos com defesa da aliança, que prevê um aumento para 5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países-membros em um período de até dez anos. A política destina 3,5% do PIB para armamentos e 1,5% para infraestrutura militar, atendendo a antigas demandas do líder americano por maior investimento dos aliados.
A mudança na estratégia americana em relação à Rússia surge em um contexto de tensões também com o Brasil. Na semana anterior, o presidente Trump impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, segundo informações, teria sido influenciada por pressões do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atua em Washington contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).