O encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, na Coreia do Sul, teve clima de reaproximação: conversaram por quase duas horas e saíram com promessas de redução de tarifas e retomada de cooperação econômica — mas sem avanços sobre o acesso chinês a chips de ponta usados em inteligência artificial.
Curioso notar que, mesmo depois do elogio público de Trump ao chip Blackwell na véspera — e de sua associação ao salto histórico da Nvidia — o tema não foi tratado. “o assunto não chegou a ser discutido”, disse Trump após a reunião.
O que foi acertado
Os acordos anunciados foram práticos e pontuais. Entre os principais pontos estão:
- Redução das tarifas sobre produtos chineses de 57% para 47%.
- Compromisso de Xi em retomar compras de soja americana.
- Garantia de fluxo de exportação de terras raras pela China e promessa de que o acordo sobre esse tema será renovado anualmente.
- Reforço do combate ao comércio ilegal de fentanil.
A China confirmou que suspenderia restrições de exportação impostas em outubro, em troca de um afrouxamento parcial das medidas americanas. Trump chegou a declarar que o assunto das terras raras está “totalmente resolvido”.
Pontos sensíveis que ficaram
O acesso da China a processadores de alto desempenho continua sendo delicado. O governo dos Estados Unidos mantém restrições de exportação para conter avanços de caráter militar e estratégico. A Nvidia argumentou junto às autoridades americanas que manter a China como cliente ajuda a pesquisa e desenvolvimento nos EUA. Por outro lado, Pequim vinha desestimulando empresas locais a comprar produtos da Nvidia e incentivando rivais nacionais, como a Huawei.
Ou seja: houve avanços comerciais claros, mas a barreira tecnológica mais sensível permaneceu sem solução.
Geopolítica e reação dos mercados
Nas questões internacionais, Trump disse que a guerra na Ucrânia “surgiu com força” nas conversas e afirmou que os dois países “vão trabalhar juntos para buscar progresso”. Sobre Taiwan, o presidente americano afirmou que “não foi discutido”.
Xi ressaltou que as equipes econômicas dos dois países “alcançaram um consenso fundamental” e pediu esforços para evitar “um ciclo vicioso de retaliações”. Ao encerrar, Trump descreveu a reunião como “incrível” e deu nota “12 em uma escala de 10”, enquanto Xi destacou “boas perspectivas de cooperação em inteligência artificial”.
Os mercados reagiram positivamente: bolsas chinesas subiram e o yuan se valorizou. Agora, as equipes econômicas de Washington e Pequim ficaram encarregadas de detalhar e implementar, nos próximos meses, os acordos anunciados.

