O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou, na sexta‑feira (24), sanções contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e alguns de seus próximos. A medida inclui bloqueio de bens e a proibição de transações com cidadãos norte‑americanos, segundo o comunicado oficial.
Quem foi listado
Entre os nomes citados pelo órgão estão:
- Gustavo Petro — presidente da Colômbia;
- Veronica Garcia — sua esposa;
- Nicolas Petro Burgos — seu filho;
- Armando Villaneda — empresário.
O Tesouro justifica as sanções alegando que Petro teria permitido o fortalecimento de cartéis e beneficiado organizações narcoterroristas, segundo a nota. O texto afirma isso sem apresentar, no comunicado, provas concretas.
Reação do presidente
Petro reagiu publicamente e disse que a ameaça de Bernie Moreno se cumpriu: ele e familiares apareceram na lista da OFAC. Em tom firme, afirmou que combater o narcotráfico por décadas e com eficácia resultou nessa medida e declarou — segundo suas palavras — «De fato, a ameaça de Bernie Moreno se cumpriu: eu, meus filhos e minha esposa entramos na lista OFAC. (…) Lutar contra o narcotráfico durante décadas e com eficácia me traz esta medida do governo da sociedade à qual tanto ajudamos para combater o consumo de cocaína. Toda uma paradoxa, mas nem um passo atrás e jamais de joelhos».
Acusações e contexto imediato
As sanções vieram um dia depois de Petro acusar os Estados Unidos de cometer “execuções extrajudiciais” durante operações militares no Caribe e no Pacífico. Em coletiva em Bogotá, ele afirmou que houve uso desproporcional da força e que as ações violaram o direito internacional: «Nesse tipo de manobras, que acreditamos violar o direito internacional, os Estados Unidos (…) estão cometendo execuções extrajudiciais. Há um uso desproporcional da força que é punido pelo direito internacional humanitário».
Desde 2 de setembro, as Forças dos Estados Unidos atacaram 10 embarcações suspeitas de transportar drogas. Esses ataques teriam resultado em mais de 40 mortes e em divulgação, por Washington, de vídeos com destroços em chamas. O governo colombiano afirmou que algumas operações invadiram águas nacionais, e Petro relatou a morte de um pescador de Santa Marta durante essas ações.
Visão de especialistas e repercussão internacional
Um grupo de especialistas nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU criticou as operações em 22 de setembro. Eles afirmaram que, mesmo se as ligações ao tráfico fossem comprovadas, o uso de força letal em águas internacionais sem base legal adequada violaria o direito internacional do mar e equivaleria a execuções extrajudiciais. Os especialistas alertaram para uma possível escalada perigosa, com implicações para a paz e a segurança na região, e afirmaram que uma ação militar contra outro Estado soberano configuraria violação da Carta da ONU.
O comunicado do Tesouro também citou declarações anteriores de Petro, entre elas uma comparação feita em fevereiro entre cocaína e bebidas alcoólicas. Em resposta a acusações do ex‑presidente Donald Trump, Petro disse que fora caluniado e insultado.
Reportagem da Folha de S. Paulo coloca a decisão do Tesouro no contexto de uma deterioração das relações diplomáticas entre os dois países. Além disso, a Procuradoria da Venezuela pediu, em 19 de setembro, que a ONU investigue os ataques americanos a embarcações no Caribe.
Em suma: a medida dos Estados Unidos elevou ainda mais a tensão diplomática na região, com acusações, denúncias de violações e alertas de especialistas sobre riscos maiores de conflito. Resta ver como os próximos dias vão desenhar o diálogo — ou o confronto — entre Bogotá e Washington.

