As novas tarifas de importação de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre diversos produtos brasileiros já estão em vigor desde esta quarta-feira, 6 de setembro. O decreto, assinado pelo ex-presidente Donald Trump no dia 30 de agosto, eleva em 40% a taxa que já havia sido aplicada em abril, resultando na tarifa total de 50%.
A Casa Branca justificou a medida argumentando que as ações do governo brasileiro representam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.
Principais produtos afetados
Entre os setores mais atingidos pelas novas tarifas, destacam-se itens como o café, a carne bovina e algumas frutas, como a manga. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, das exportações brasileiras no valor de US$ 40,4 bilhões, uma parcela de 35,9% (equivalente a US$ 14,5 bilhões) está sujeita à sobretaxa de 50%.
Os principais produtos brasileiros com sobretaxa, segundo o Governo Federal em 2024, incluem:
- Café não torrado: US$ 1,9 bilhão em exportação;
- Instalações e equipamentos de engenharia civil, e suas partes: US$ 1,5 bilhão;
- Carne bovina: US$ 944 milhões;
- Madeira parcialmente trabalhada e dormentes de madeira: US$ 737 milhões;
- Cal, cimento e outros materiais de construção (exceto vidro e barro): US$ 709 milhões;
- Açúcares e melaços: US$ 610 milhões.
Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) aponta que o Brasil exportou o equivalente a 1,8% do PIB nacional para os Estados Unidos. Metade desse valor concentra-se em combustíveis minerais, ferro e aço, além de máquinas e equipamentos, setores diretamente impactados pelas novas tarifas.
O que escapou das novas taxas
Apesar da ampla aplicação das tarifas, alguns setores foram isentos do aumento de 50%. A lista inclui artigos de aeronaves civis, como motores e peças, e certos veículos, com exceção de sedãs, SUVs, minivans, vans de carga e caminhões leves. Produtos específicos de ferro, aço, alumínio e cobre, incluindo itens semiacabados, também não foram taxados.
Fertilizantes, essenciais para a agricultura brasileira, e diversos produtos agrícolas e de madeira, como castanha-do-Pará, suco de laranja e polpa de laranja, mica bruta e madeira tropical, também estão entre os isentos. Minerais e metais como silício, ferro-gusa, ouro e prata, além de materiais e produtos energéticos como carvão, gás natural e petróleo e seus derivados, também não sofreram a imposição da taxa.
Bens que retornam aos Estados Unidos após reparo ou processamento, e produtos que já estavam em trânsito antes da vigência do decreto (com prazo para chegada até 5 de outubro), também não são afetados. Itens de uso pessoal em bagagens e donativos destinados a fins humanitários também estão fora da lista de produtos tarifados, assim como materiais informativos, como livros e conteúdos jornalísticos.