O Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil registrou um dispêndio de R$ 449 milhões com internações de indivíduos acidentados no trânsito somente no ano de 2024. Este montante, revelado em um levantamento inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base em dados do Datasus e divulgado pelo G1 neste domingo (27), abrange desde socorros emergenciais até processos de reabilitação a longo prazo, incluindo o fornecimento de órteses e próteses.
Impacto Financeiro e Histórico
A cifra impressiona ao ser comparada com investimentos em infraestrutura de saúde. Os recursos despendidos seriam suficientes para a aquisição de 1.320 ambulâncias para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o que representa aproximadamente cinquenta veículos por unidade federativa brasileira. Tal valor é quase quatro vezes superior ao que está programado no Novo PAC Saúde, que prevê a entrega de 350 unidades de atendimento para uma população de 5,8 milhões de pessoas.
O aumento dos custos hospitalares relacionados a vítimas de sinistros viários é uma tendência observada ano após ano. Desde 1998, houve uma elevação de quase 50% em termos reais nesses gastos. O ano de 2014, por exemplo, registrou o pico histórico, com um investimento de R$ 480 milhões para a mesma finalidade.
Consequências da Extinção do DPVAT
A análise do Ipea também aponta o fim do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, o DPVAT, como um fator que agrava a situação financeira do SUS. Instituído para indenizar motoristas, passageiros e pedestres envolvidos em acidentes de trânsito, o DPVAT foi extinto em 2020.
A partir de 2021, o SUS deixou de receber repasses anuais que chegavam a ultrapassar R$ 580 milhões. Historicamente, 45% da arrecadação total do seguro era direcionada especificamente para cobrir despesas médico-hospitalares decorrentes de acidentes de trânsito em todo o território nacional, evidenciando a lacuna de financiamento deixada por sua desativação.