Uma comitiva de oito senadores brasileiros embarca nesta sexta-feira (25) para Washington, nos Estados Unidos, com a missão de tentar reverter o tarifaço de 50% imposto pelo presidente Donald Trump sobre produtos exportados do Brasil. A medida, que deve entrar em vigor em 1º de agosto, ameaça setores estratégicos da economia nacional, como indústria, agronegócio, Embraer, suco de laranja e carne, e pode resultar em demissões e prejuízos bilionários para o país.
A delegação é liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e conta ainda com Jaques Wagner (PT-BA), Tereza Cristina (PP-MS), Fernando Farias (MDB-AL), Marcos Pontes (PL-SP), Esperidião Amin (PP-SC), Rogério Carvalho (PT-SE) e Carlos Viana (Podemos-MG). A agenda prevê reuniões com empresários dos dois países e, posteriormente, encontros com parlamentares norte-americanos, na tentativa de sensibilizar o Congresso dos EUA sobre os impactos negativos da nova tarifa para ambos os lados.
Escalado como um dos membros da comitiva do governo Lula, o senador Jaques Wagner usou as redes sociais para reafirmar a busca por soluções contra o tarifaço de Donald Trump. O senador ainda lembrou que o Brasil e os EUA têm uma relação de amizade de 200 anos, pautada no diálogo e respeito.
“Estou prestes a embarcar para os Estados Unidos junto com outros senadores em busca de soluções para a questão das tarifas que impactam nossas exportações. O Brasil mantém uma relação de amizade com os EUA que já dura mais de 200 anos, e acredito que o diálogo respeitoso é o caminho para avançarmos”, disse em postagem no X.
O anúncio do tarifaço foi feito por Donald Trump em suas redes sociais no início de julho. O presidente norte-americano justificou a medida alegando desequilíbrio na balança comercial e críticas ao Supremo Tribunal Federal brasileiro, especialmente em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar de o Brasil registrar déficit comercial com os EUA — US$ 1,7 bilhão de superávit americano no primeiro semestre de 2025 —, Trump classificou a relação como injusta para seu país.
A reação no Congresso brasileiro foi imediata. Senadores e deputados publicaram nota conjunta citando a Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada em abril, que prevê retaliações a barreiras comerciais impostas a produtos nacionais. O governo federal, por meio do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, já vinha articulando diálogos com o setor privado americano e autoridades do Tesouro dos EUA para tentar evitar a escalada da crise.
Durante reunião virtual preparatória, os senadores conversaram com o chanceler Mauro Vieira e a embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, para alinhar estratégias. A expectativa é de que a missão parlamentar contribua para abrir canais de diálogo e buscar uma solução diplomática antes da entrada em vigor da tarifa.
Caso não haja avanço nas negociações, a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos começará a ser cobrada a partir de 1º de agosto, afetando diretamente a competitividade do Brasil no mercado internacional.