O cenário político para 2026 já movimenta as discussões nos bastidores, especialmente quando o assunto é o Senado Federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou recentemente sobre a importância de a esquerda focar na eleição de senadores fortes. A meta é clara: evitar que a direita conquiste uma maioria esmagadora na Casa.
Durante a convenção nacional do PSB, em Brasília, Lula destacou que, embora governos estaduais sejam importantes, o Congresso Nacional, e em particular o Senado, merece prioridade. \”Precisamos pensar aonde é necessário eleger senador\”, afirmou. Você entende por que essa preocupação com o Senado?
A Preocupação da Esquerda
A angústia da esquerda, já discutida internamente no PT e outros partidos, gira em torno da possibilidade de chapas fortes de direita dominarem o Senado. O medo? Poder colocar em votação pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). \”Precisamos ganhar maioria no Senado, senão esses caras vão avacalhar a Suprema Corte\”, disse o presidente, ressaltando a necessidade de preservar as instituições democráticas.
O senador Humberto Costa (PT-PE) compartilha dessa visão. Ele fala que a intenção de partidos como o PL é votar nos pedidos de impeachment do STF que hoje estão parados. Além disso, uma maioria de direita poderia complicar a aprovação de nomes para cargos importantes, como diretorias do Banco Central ou agências reguladoras. \”Pode-se instalar um verdadeiro pandemônio no Senado\”, falou o presidente do PT.
A Estratégia da Direita
Do outro lado, a estratégia da direita, liderada pelo PL, é clara: conquistar a maior bancada do Senado. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, já falou abertamente sobre essa meta. O partido estaria disposto a abrir mão de candidaturas a governador em alguns estados para fortalecer as chapas ao Senado. A ideia é aumentar a representatividade para facilitar ações, como a abertura de processos de impeachment contra ministros do STF.
O ex-presidente Jair Bolsonaro expressou o desejo de ter pelo menos um senador eleito em cada estado. Ele conta até com sua família nesse plano. Michelle Bolsonaro poderia concorrer pelo Distrito Federal, Flávio Bolsonaro buscaria a reeleição pelo Rio de Janeiro, e Eduardo Bolsonaro concorreria por São Paulo. Surgiu até a ideia de Carlos Bolsonaro disputar uma vaga por Santa Catarina, o que poderia levar a família Bolsonaro a ter quatro cadeiras no Senado a partir de 2027, se os planos se concretizarem.
Renovação e Cenários Possíveis
Em outubro de 2026, o Senado passará por uma renovação de dois terços das cadeiras, com a eleição de dois senadores por estado. A última eleição com essa proporção de mudança, em 2018, viu uma renovação recorde de mais de 85%. Das 54 vagas em disputa, 46 foram ocupadas por novos nomes.
Para 2026, espera-se uma renovação alta novamente. Contudo, há um novo ingrediente: a possibilidade de os partidos de direita e centro-direita conquistarem a hegemonia. Essa é a preocupação que motivou as recentes falas do presidente Lula e do presidente do PT. Atualmente, o Senado tem a maioria dos partidos de centro na base aliada do governo.
Um levantamento baseado em pesquisas recentes nos estados aponta para como pode ficar o Senado em 2027, considerando os nomes que se colocam no momento para a disputa. É importante lembrar que esses nomes ainda podem mudar. Se esses resultados se confirmarem, a distribuição das 54 cadeiras em disputa seria a seguinte:
- MDB – 9 cadeiras
- PL – 8 cadeiras
- PT – 6 cadeiras
- União Brasil – 5 cadeiras
- PSB – 4 cadeiras
- PSD – 4 cadeiras
- PSDB – 4 cadeiras
- PP – 3 cadeiras
- PDT – 2 cadeiras
- Republicanos – 2 cadeiras
- Sem partido – 2 cadeiras
- Novo – 1 cadeira
Somando essas projeções com os senadores que já têm mandato até 2031, a projeção para a composição do Senado em 2027 seria a seguinte:
- PL – 16 cadeiras
- MDB – 10 cadeiras
- União Brasil – 10 cadeiras
- PT – 9 cadeiras
- PSD – 7 cadeiras
- PP – 6 cadeiras
- Republicanos – 5 cadeiras
- PSB – 4 cadeiras
- PSDB – 4 cadeiras
- PDT – 3 cadeiras
- Sem partido – 2 cadeiras
- Estados indefinidos – 4 cadeiras
Nesse cenário projetado pelas pesquisas atuais, partidos como PSD e Podemos poderiam ser os mais prejudicados. O PL, por outro lado, sairia das 14 cadeiras atuais para 16, isolando-se como a maior bancada. O União Brasil também poderia se beneficiar, subindo de sete para dez senadores. Uma possível federação entre União Brasil e PP poderia criar uma bancada de 16 senadores, igualando o tamanho do PL.
Em termos de renovação, as pesquisas sugerem que 15 senadores seriam reeleitos em 2026. Isso representaria uma renovação de 70%, um percentual menor do que o recorde de 85% observado na eleição de 2018.