A rede de farmácias Raia Drogasil foi condenada a pagar R$ 56 mil a uma ex-funcionária, Noemi Ferrari, por ofensas racistas sofridas no primeiro dia de trabalho, em 2018, numa unidade de São Caetano do Sul (SP). O vídeo do episódio viralizou depois que Noemi divulgou a gravação nas redes sociais.
O episódio
Na filmagem, registrada na própria loja, uma farmacêutica deu as boas-vindas em tom de deboche e disse que a presença de Noemi estava “escurecendo a nossa loja”, além de afirmar que a “cota” para pessoas negras já havia acabado. Como reagir a algo assim? É difícil não se chocar.
Noemi tinha 18 anos na época. Segundo os relatos apresentados ao processo, ela ficou em choque e chegou a chorar no banheiro. A perseguição continuou: quando foi promovida, a gerente da primeira loja voltou a divulgar o vídeo no grupo de trabalho dos novos colegas. A profissional permaneceu na empresa até 2022, quando foi demitida.
Decisão da Justiça
A Justiça do Trabalho enquadrou o caso como forma de racismo estrutural e também como racismo recreativo. A juíza responsável afirmou que “o racismo recreativo é tão ofensivo quanto qualquer outra prática discriminatória”. Com base nas provas apresentadas nos autos, a sentença determinou o pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 56 mil.
Repercussão
A empresa, que passou a adotar o nome RD Saúde, divulgou nota lamentando o ocorrido e ressaltou investimentos em ações de diversidade e inclusão, afirmando que 50% dos cargos de liderança eram ocupados por pessoas negras. O Conselho Federal de Farmácia repudiou o episódio e reforçou que racismo é crime.
A condenação foi proferida com base nas provas reunidas nos autos e resultou no pagamento da indenização à ex-funcionária.