No tribunal federal dos Estados Unidos, o processo antitruste contra o Google avançou para uma etapa importante: a juíza distrital Leonie Brinkema começou a ouvir depoimentos. A disputa tem repercussões além das fronteiras, inclusive no Brasil, chegando a afetar estados como a Bahia.
O caso foi apresentado pelo Departamento de Justiça dos EUA, que, junto com 17 estados, acusa o Google de usar práticas para afastar concorrentes e obrigar anunciantes a recorrer às suas ferramentas. Como solução, o governo pediu a venda da tecnologia que conecta compradores e vendedores de anúncios ou, alternativamente, mudanças no sistema de leilões da empresa para beneficiar editores.
Poucas semanas antes, outro juiz havia dado ao Google uma vitória parcial, permitindo que a companhia mantivesse quase intocados seus serviços de publicidade enquanto a disputa seguia nos tribunais.
O que está em jogo
Há muito em jogo: reportagens citam que uma vitória do governo poderia ter impacto sobre negócios avaliados em US$ 3,1 trilhões. A empresa, por sua vez, diz que o mercado mudou com o surgimento de chatbots e outras ferramentas de inteligência artificial, que passaram a disputar a atenção dos usuários e anunciantes.
Vender produtos de publicidade resolveria tudo? A própria juíza Brinkema levantou essa dúvida nas audiências preliminares, questionando se essa medida bastaria para sanar as preocupações centrais do processo.
Outro veredicto relacionado
Em um processo conectado, o juiz Amit Mehta decidiu a favor do Google, ao entender que as condições de mercado mudaram desde a ação de 2020. Ele permitiu que o buscador continuasse operando sob restrições: a empresa terá de compartilhar parte dos resultados com concorrentes e está proibida de pagar por exclusividade em smartphones e navegadores. Já a venda do navegador Chrome foi rejeitada.
Especialistas observam que decisões nessa área podem influenciar outros casos antitruste em andamento nos EUA, entre eles:
- Meta: acusada de eliminar concorrentes com aquisições como Instagram e WhatsApp; decisão esperada ainda neste ano.
- Amazon: acusada de prejudicar pequenos comerciantes em sua plataforma; julgamento previsto para 2027.
- Apple: acusada de dificultar a saída de usuários de seu ecossistema de dispositivos.
As audiências de Brinkema e os depoimentos programados seguem como próximos passos no processo. O desfecho poderá ter efeitos regulatórios e comerciais relevantes, e continuará sendo acompanhado pela Justiça e pelas partes envolvidas.