Em um apelo direto à população, o prefeito Mário Galinho destacou os riscos ambientais e sanitários causados pelo acúmulo de resíduos em locais inadequados na cidade baiana
O prefeito de Paulo Afonso, Mário Galinho, utilizou suas redes sociais neste sábado (17) para fazer um apelo urgente à população sobre o crescente problema do descarte irregular de lixo e entulho na cidade. Em vídeo publicado, o gestor municipal aparece em frente a uma área que, segundo ele, já foi limpa diversas vezes, mas continua sendo alvo de descartes irregulares.
“O descarte irregular de lixo e entulho virou um problema grave. A área mostrada no vídeo já foi limpa várias vezes, mas o desrespeito persiste”, destacou o prefeito, visivelmente preocupado com a situação que afeta não apenas a estética urbana, mas principalmente a saúde pública e o meio ambiente.
O problema enfrentado por Paulo Afonso reflete uma realidade nacional alarmante. Segundo dados recentes da Associação Brasileira de Resíduo e Meio Ambiente (ABREMA), o Brasil destinou de forma inadequada 33,3 milhões de toneladas de lixo apenas em 2022, representando quase 40% de todo o resíduo gerado no país. Desse total, 27,9 milhões de toneladas foram enviadas para os mais de 3 mil lixões a céu aberto espalhados pelo território brasileiro.
Impactos na saúde pública
O descarte irregular de resíduos está diretamente ligado à proliferação de doenças como dengue, zika e chikungunya, além de leptospirose e outras enfermidades transmitidas por vetores que encontram nos acúmulos de lixo o ambiente ideal para reprodução.
De acordo com estudos da Associação Internacional de Resíduos Sólidos, o tratamento de doenças provocadas pela exposição ao lixo descartado inadequadamente custou aos cofres públicos brasileiros cerca de US$ 370 milhões em um único ano.
A professora Adriana Maria Nolasco, do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), explica que “os danos dessa prática são incontáveis, alguns dos principais são a contaminação do solo, a poluição do ar e os riscos à saúde pública”.
Consequências ambientais
Além dos problemas sanitários, o descarte irregular produz o chorume, líquido altamente poluente formado pela decomposição dos resíduos orgânicos. “O chorume do lixo é cem vezes mais poluente que o esgoto doméstico e tem a capacidade de contaminar o solo e os lençóis freáticos”, alerta Pedro Maranhão, presidente da ABREMA.
A contaminação dos recursos hídricos representa um risco adicional para a população, especialmente em uma cidade como Paulo Afonso, conhecida por sua relação histórica com o Rio São Francisco e suas usinas hidrelétricas.
Chamado à ação coletiva
Na publicação, o prefeito Mário Galinho pediu o apoio dos moradores para fiscalizar e denunciar atitudes irresponsáveis. “Se você presenciar alguém jogando lixo ou entulho em local indevido, faça um registro e nos envie pelas redes sociais. Vamos agir conforme determina a lei”, disse.
O gestor finalizou a mensagem reforçando o pedido de união em prol de uma cidade mais limpa: “Contamos com você para manter Paulo Afonso limpa, organizada e cada vez mais bonita!”
A administração municipal reforça que ações de limpeza e fiscalização continuam sendo realizadas rotineiramente, mas dependem do engajamento coletivo para obter resultados mais efetivos. Especialistas concordam que, além das políticas públicas, a conscientização da população é fundamental para reverter esse cenário.
“É necessário fazer um investimento pesado em políticas públicas para que existam locais adequados de coleta e separação de materiais sólidos. No entanto, o gerador do lixo também é encarregado de procurar meios para descartar resíduos de forma adequada”, complementa a professora Adriana Nolasco.