Imagine depender de um hospital público e descobrir que ele pode ficar sem médicos suficientes para atender você. Essa é a realidade que preocupa a população da Bahia após o Sindicato dos Médicos do Estado (SindiMed) denunciar a possível demissão de mais de 500 profissionais em unidades do governo. A mudança, que substituiria contratos CLT por vínculos como Pessoa Jurídibilidade (PJ), foi revelada em julho e pode restringir o acesso a consultas, cirurgias e emergências em hospitais como o Geral do Estado (HGE) e o Roberto Santos (HGRS).
O que está acontecendo?
A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) planeja encerrar contratos de médicos contratados pelo regime CLT, que garante direitos como férias e 13º salário, e substituí-los por contratos PJ, um modelo mais flexível, mas sem essas proteções trabalhistas. A transição, que começou com a demissão de 37 anestesistas do HGRS, é justificada pela Sesab como uma forma de “otimizar a gestão”. No entanto, o SindiMed critica a medida, afirmando que ela precariza o trabalho e pode levar ao colapso do atendimento. Em assembleia no dia 11 de julho, os médicos aprovaram um estado de greve, sinalizando que não aceitarão a mudança sem resistência.
Impactos reais nas pessoas
Para além dos números, a possível demissão afeta vidas. Pacientes como Ana Costa, que espera há meses por uma cirurgia no HGE, temem o pior. “Já é difícil conseguir atendimento. Se demitirem os médicos, o que vai ser de nós?”, desabafa. A preocupação não é à toa: a Bahia já enfrenta um déficit de profissionais, com apenas 1,8 médico por mil habitantes, abaixo da média nacional de 2,3, segundo o Ministério da Saúde. Menos médicos significa filas maiores e atrasos que podem custar caro à população.
Contexto e números
A rede estadual de saúde da Bahia inclui mais de 20 hospitais e atende milhões de pessoas pelo SUS. A Sesab alega que a mudança será gradual e que o fim do contrato com o Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), que gerencia parte dos profissionais, trará “mais transparência”. Mas o sindicato rebate: a substituição por PJ não resolve a sobrecarga existente e pode afastar médicos experientes. “Eles não querem perder direitos conquistados”, explica Rita Virgínia, presidente do SindiMed, em entrevista ao Bahia Notícias.
O que vem por aí?
A tensão está no ar. Uma reunião entre o sindicato e a Sesab está marcada para 20 de julho, e o resultado pode definir o futuro da saúde pública no estado. Se não houver acordo, uma greve geral não está descartada. Enquanto isso, a população acompanha, apreensiva, esperando que o atendimento nos hospitais não piore. A Sesab promete diálogo, mas a solução ainda parece distante.