Nos últimos dias, o Planserv — o plano de saúde dos servidores estaduais da Bahia — virou alvo de duras críticas e mobilizações na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Beneficiários, médicos e prestadores foram às comissões com faixas e cartazes para denunciar dificuldades no atendimento, alegando restrições a consultas, menos exames autorizados e mais burocracia.
O que mudou desde a troca da gestão? A direção do plano atribui as medidas a um esforço de ajuste, mas beneficiários e prestadores dizem que as restrições já começam a afetar a saúde das pessoas.
O comando agora está sob a coordenação de Luiz Eduardo Perez, nome que assumiu após a chegada de Rodrigo Pimentel à Secretaria de Administração. Perez tem passagem pela Unimed do Brasil e pela Central Nacional Unimed — histórico que, segundo alguns prestadores, está ligado a modelos mais restritivos que teriam provocado crises em outras operadoras.
“ajuste de eficiência” e de melhora da “performance financeira”, afirmou a direção.
Em números: o plano atendia cerca de 187 mil titulares, com contribuição média de R$ 304 por beneficiário. Especialistas apontam que a baixa arrecadação, combinada a uma carteira envelhecida — aproximadamente 30% dos usuários têm mais de 59 anos —, é um dos maiores entraves para a sustentabilidade do serviço.
Queixas recorrentes
Beneficiários, médicos e clínicas listaram uma série de problemas práticos que têm afetado o dia a dia:
- restrição de consultas;
- redução de exames autorizados;
- aumento da burocracia para procedimentos básicos;
- atrasos nos pagamentos a clínicas conveniadas;
- remuneração a prestadores inferior aos valores praticados pelo SUS, segundo fornecedores.
Profissionais relatam que essas medidas têm levado a diagnósticos tardios e à progressão de doenças para quadros mais graves — um efeito que, segundo representantes de classes, tende a elevar os custos no futuro com internações, cirurgias e tratamentos complexos.
“A economia de hoje pode se transformar em uma explosão de custos amanhã”, alertaram entidades de classe.
Sindicatos e participantes das manifestações avisam que, se a condução do plano não mudar, há risco real de colapso dos serviços. Prestadores defendem que a solução passe por governança qualificada e auditoria técnica, em vez de apenas cortes de acesso.
O cenário levanta uma pergunta simples e direta: como equilibrar contas sem deixar as pessoas sem atendimento? Enquanto essa resposta não vier, usuários e profissionais seguem na expectativa — e a preocupação é de que os ajustes imediatos agravem problemas que custarão muito mais depois.