O bordão usado por Tiririca em sua primeira campanha postulando-se ao cargo de Deputado Federal, o “pior do que tá não fica”, fazia alusão a corrupção e falta de credibilidade presente no Congresso Nacional. Nove anos após ser eleito com mais de um milhão de votos e em seu terceiro mandato, o parlamentar percebeu que, diferentemente do que afirmava antes, pior do que está, ficou.
Segundo Veja, no último dia 18, o Ministério Público Federal instaurou uma investigação para apurar se o deputado utilizou “verba de gabinete para realizar viagens particulares”. Embora tenha sido eleito por São Paulo, Tiririca comprou com dinheiro público passagens aéreas para o Ceará, seu estado natal.
O regimento da Câmara estabelece, entre outras regras, que os recursos destinados para viagens do político têm de estar relacionados com o exercício do mandato ou com deslocamentos para a sua base eleitoral. Os bilhetes não podem servir para benefício pessoal, como aparenta ser o caso de suas viagens para o Ceará.
No caso de Tiririca, o Ministério Público Federal apura num inquérito civil se os gastos do deputado e seus assessores com passagens aéreas ao longo deste ano tiveram como finalidade cumprir agenda parlamentar ou se foram utilizadas com outro propósito.
O parlamentar eleito por São Paulo costuma postar fotos em suas redes sociais divulgando shows em sua terra natal. Somente neste ano, o seu gabinete desembolsou mais de 70 000 reais em dinheiro público para se deslocar dezenas de vezes de Brasília para Fortaleza. Procurada pela Veja, a equipe de Tiririca informou que não recebeu qualquer notificação da investigação e que todas as passagens aéreas são compradas de acordo com o regimento da Câmara.
O salário líquido de Tiririca, assim como o de outros deputados, é de quase R$ 25 mil. Além disso, ele ganha um auxílio moradia de R$ 4 mil e 253 — e boa parte de suas despesas com transporte e refeições em Brasília é bancada pela Câmara.
Ao longo deste ano, o deputado propôs 12 projetos de lei, da instituição do dia oficial do artista circense à inclusão de idosos em empresas. Apesar de sua desenvoltura em frente às câmeras, ele ainda não discursou em plenário neste ano.