A Polícia Federal, em ação conjunta com o Ministério Público da Bahia e a Receita Federal, deflagrou nesta quarta-feira (1º) a operação Estado Anômico para desarticular uma organização criminosa que, segundo as investigações, atua em Feira de Santana e municípios vizinhos com lavagem de dinheiro proveniente de atividades ilícitas como jogo do bicho, agiotagem, extorsão e receptação qualificada. A Justiça expediu 10 mandados de prisão preventiva e 18 de busca e apreensão, além de determinar o bloqueio de R$ 9 milhões e a suspensão de atividades de uma empresa.
Entre os presos estão Mayana Cerqueira da Silva e João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, esposa e filho do deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha (PRD). Eles foram detidos em Feira de Santana. O parlamentar é alvo de mandado de prisão preventiva e, até a última atualização, não havia sido localizado, sendo considerado foragido. Quatro policiais militares que atuariam como braço armado da organização também foram presos.
As diligências desta fase ocorreram em Feira de Santana, Salvador e São Gonçalo dos Campos, com a participação de cerca de 100 policiais federais, 11 auditores-fiscais e três analistas tributários. A operação é um desdobramento da El Patrón, deflagrada em dezembro de 2023, quando houve 10 prisões preventivas, 33 buscas e apreensões, bloqueios superiores a R$ 200 milhões e sequestro de 26 imóveis, além da suspensão de atividades de seis empresas .
Em 25 de fevereiro de 2025, o Ministério Público da Bahia denunciou o deputado e um oficial da PM por lavagem de dinheiro, no âmbito do mesmo caso, relatando transações em espécie e indícios de ocultação patrimonial em Feira de Santana. Em 9 de agosto de 2025, o Supremo Tribunal Federal reverteu decisão do STJ e determinou a continuidade da Operação El Patrón, validando o uso de relatórios do Coaf nas apurações.
A defesa de Binho Galinha tem negado as acusações e atribuído o caso a perseguição política em notas anteriores divulgadas à imprensa, afirmando confiança no devido processo legal.
Até a publicação desta matéria, a PF e o MP-BA informaram que as investigações seguem em andamento para identificar demais envolvidos e cumprir os mandados remanescentes. Caso condenados, os investigados podem responder a penas que, somadas, ultrapassam 50 anos de reclusão.