Paulo Afonso, na Bahia, está em luto. Antônio Galdino da Silva, carinhosamente conhecido como Professor Galdinho, faleceu aos 77 anos em Recife, vítima de um mal súbito. Educador, escritor e incansável preservador da memória local, ele não era apenas um professor: era o coração pulsante da identidade pauloafonsina. Sua partida deixa um vazio que vai além da sala de aula, convidando a comunidade a se perguntar quem assumirá o manto de guardião das raízes da cidade.
Uma trajetória dedicada à educação e à história
Nascido em Zabelê, na Paraíba, o Professor Galdinho escolheu Paulo Afonso como lar e missão de vida. Graduado em Letras e mestre em Ciências da Educação e Turismo, ele dedicou décadas à formação de jovens na região. Mas sua influência extrapolava as carteiras escolares. Como funcionário da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), secretário municipal e assessor de comunicação da prefeitura, ele entrelaçava o conhecimento acadêmico com o dia a dia da comunidade.
Seu amor pela história se materializou em projetos que resgataram o passado da cidade, fundada em torno da usina hidrelétrica que transformou o sertão baiano. Fundador da Academia de Letras de Paulo Afonso (ALPA), ele incentivou o florescimento literário local. Além disso, criou o jornal Folha Sertaneja, veículo que registrou fatos, personagens e crônicas do município desde sua origem. Nessas páginas, Galdinho narrava não só eventos, mas as almas por trás deles – como as histórias de pioneiros que desbravaram a região.
Legado em livros, crônicas e eventos culturais
O Professor Galdinho deixou um acervo rico para as gerações futuras. Autor de oito livros sobre Paulo Afonso, ele transformou memórias em páginas eternas. Obras como “Os Caminhos da Educação – de Forquilha a Paulo Afonso”, publicado em 2021 e indicado para bibliografias universitárias como a da Uneb, exploram a evolução do ensino na região, conectando o passado rural com o progresso urbano. Outro destaque é “De Forquilha a Paulo Afonso: Histórias e Memórias de Pioneiros”, que resgata relatos de quem construiu a cidade a partir de vilarejos como Forquilha. Não parava por aí: “Angiquinho – 100 Anos de História” celebra centenários locais, enquanto crônicas no Folha Sertaneja capturavam o cotidiano com sensibilidade poética.
Como comunicador, ele apresentava programas de rádio e era a voz oficial dos desfiles cívicos de 7 de Setembro e das comemorações da emancipação política de Paulo Afonso. Fundou eventos como o Coliseu Show, festivais que uniam música, cultura e comunidade, tornando-se parte da memória coletiva. Recentemente, em julho de 2025, ex-alunos do Colégio Estadual de Paulo Afonso (Colepa) o homenagearam em um encontro, reconhecendo sua contribuição vital para a educação local. Essa dedicação ajudou pauloafonsinos a se reconectarem com suas raízes, especialmente em uma cidade marcada pela migração e pelo desenvolvimento hidrelétrico.
Repercussão e impactos humanos: uma perda que ecoa em famílias e gerações
A notícia da morte abalou a comunidade. Em mensagem compartilhada pela filha Fabiana, a família expressou gratidão pelo carinho recebido, destacando o luto profundo: “Infelizmente, Painho teve um mal súbito hoje à tarde e não resistiu”. Solidariedade se estendeu à esposa, Dona Lurdinha, e às filhas Raquel, Fabiana e Patrícia. Galdinho, que se recuperou de um infarto em fevereiro de 2023, era visto como símbolo de resiliência e ética.
Depoimentos de quem o conheceu reforçam seu impacto humano. Alunos lembram aulas que iam além do currículo, inspirando orgulho pela terra natal. Colegas da ALPA destacam como suas crônicas preservaram tradições sertanejas ameaçadas pelo tempo. Em Paulo Afonso, onde a Chesf moldou a economia, Galdinho era o elo entre o progresso moderno e as histórias antigas, ajudando jovens a valorizarem sua herança cultural em um mundo cada vez mais globalizado.
Quem continuará o trabalho? Um convite à reflexão e à ação
Com a partida do Professor Galdinho, surge a inevitável questão: quem prosseguirá preservando a memória de Paulo Afonso? Seus projetos, como a ALPA e o Folha Sertaneja, dependem agora de novas mãos para não se perderem. Autoridades locais e a comunidade são chamadas a investir em iniciativas culturais, garantindo que o legado não se apague. Enquanto o traslado do corpo e detalhes do velório são aguardados, a cidade pode honrá-lo mantendo viva sua essência.
Você chegou a ser aluno do Professor Galdinho? Qual lembrança mais marcou? Compartilhe nos comentários suas histórias ou momentos vividos com ele.
Atualização sobre o Velório e Sepultamento
De acordo com informações divulgadas pela família, o velório do Professor Antônio Galdino da Silva ocorrerá na Câmara de Vereadores de Paulo Afonso, amanhã, domingo (17 de agosto de 2025), durante a tarde. O horário exato de início ainda não foi definido, mas será comunicado em breve. Já o sepultamento está marcado para segunda-feira (18 de agosto de 2025), às 10h, no cemitério local.
A família expressa sua gratidão pelo carinho, mensagens de apoio e orações recebidas neste momento de luto.