Na tarde de 29 de maio, um painel no Centro de Convenções Salvador, em Salvador (BA), durante a EXPOSIBRAM 2025, reuniu autoridades e executivos para discutir o potencial do Brasil em minerais críticos e estratégicos. O debate foi moderado por Henrique Carballal, presidente da Companhia Baiana de Produção Mineral (CBPM).
Participaram do encontro executivos com atuação regional e internacional: Brian Leeners (CEO da Homerun Resources), Emerson Souza (VP de Relações Institucionais da Brazil Iron) e Alfredo Santana (COO da Vale Metais Básicos). As falas combinaram desenvolvimento local, políticas públicas e demandas do mercado global.
O foco do debate
O centro da conversa foi claro: o Brasil precisa agregar valor aos seus minerais, em vez de vender apenas minério bruto. Como transformar matéria-prima em produto com mais valor, gerando empregos e cadeia produtiva local? A pergunta foi feita no tom prático — não como teoria, mas como desafio de implementação.
Foram apontadas medidas concretas para avançar:
- incentivos e segurança jurídica para atrair investidores estrangeiros responsáveis;
- parcerias público-privadas para desenvolver infraestrutura e indústria local;
- lista de minerais estratégicos que favoreça projetos de maior valor agregado.
Projeto Ferro Verde
O Projeto Ferro Verde, desenvolvido pela Brazil Iron em parceria com a CBPM, foi citado como exemplo do caminho possível. O projeto prevê a produção de Ferro Briquetado a Quente (HBI) na Bahia — um insumo que pode facilitar a substituição de fornos a carvão por fornos elétricos alimentados por energia renovável.
Essa mudança tecnológica tem impacto direto nas emissões: a produção do aço nas etapas citadas pode reduzir emissões de CO₂ em até 99%, segundo os debatedores. Em paralelo, Emerson Souza ressaltou que incluir esse insumo na lista de minerais estratégicos traria ganhos importantes para o Brasil e para a Bahia, lembrando que o Canadá, em 2024, reconheceu minério de ferro de alta pureza como mineral crítico.
“Nosso potencial geológico, aliado a políticas públicas e parcerias com o setor privado, permite que a Bahia lidere essa agenda com sustentabilidade, inovação e geração de valor. O mundo vive uma corrida pela transição energética, e a Bahia está preparada para ser protagonista nessa transformação econômica, social e ambiental”, disse Henrique Carballal.
O painel também destacou que projetos como o Ferro Verde fortalecem a cadeia produtiva regional e ajudam a descarbonizar a siderurgia brasileira — algo que, na prática, se traduz em novas fábricas, fornecedores locais e mais qualificação profissional.
“O país vive um momento decisivo: o sucesso em aproveitar e viabilizar essa primeira fase de desenvolvimento da infraestrutura e da indústria de energia será determinante para colher os frutos da segunda, que consiste na expansão da capacidade industrial em setores avançados, alicerçada na vantagem competitiva de uma matriz energética limpa, confiável e acessível”, afirmou Brian Leeners.
Ao fim, os organizadores e participantes viram um movimento coordenado para posicionar a Bahia na cadeia global de minerais e insumos para a transição energética. Entre os desdobramentos imediatos mencionados estão o avanço do Projeto Ferro Verde e a possível inclusão de minérios estratégicos em listas governamentais — passos que, se concretizados, podem transformar reservas em oportunidades concretas para a economia local.

