O senador Otto Alencar (PSD), em entrevista na sede da União dos Municípios da Bahia (UPB), voltou a defender mudanças no calendário eleitoral e o fim da reeleição. Ele disse que a sequência de pleitos a cada dois anos atrapalha a gestão e cansa a política.
A proposta
Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto apresentou uma proposta para estabelecer mandatos de cinco anos para prefeitos, governadores e para o presidente da República, sem possibilidade de reeleição. Segundo ele, houve conversa com o senador Davi Alcolumbre (União-AP) para levar o tema à votação.
“Ninguém suporta mais eleição de dois em dois anos com reeleição. Se continuar, se não mudar… nós vamos continuar com eleição todos os anos. Eleição todos os anos”, afirmou o senador, criticando o ritmo atual das campanhas.
Os argumentos
Otto explicou que a alternância tão frequente tira a atenção de temas administrativos — é como trocar de foco no meio de uma tarefa importante. Quem governa acaba mais preocupado em campanha do que em executar políticas públicas.
Ele também relacionou o calendário a um desgaste institucional. Citou escândalos envolvendo a destinação de emendas na Câmara dos Deputados como exemplo de como essas crises minam a confiança nas instituições.
“Se não acabar a eleição de dois em dois anos, a nossa democracia, que já é muito frágil e está ficando mais frágil ainda pelos movimentos da Câmara dos Deputados, nessa questão de emendas… é muito grave”, disse Otto, apontando o risco do ciclo contínuo de controvérsias.
O alerta histórico
O senador chamou atenção para possíveis consequências nas próximas décadas. Ele mencionou os anos de 2030 e 2034 e fez referência ao golpe civil-militar de 1964 como um exemplo histórico que, segundo ele, ilustra o perigo de uma crise institucional mais profunda.
“Se continuar assim… pode fragilizar a democracia e derrubar a democracia, como foi em 1964”, afirmou Otto, reforçando o tom de alerta.
Por fim, o parlamentar afirmou que sua defesa se baseia em convicção pessoal e experiência política. Ressaltou que não integra o grupo de parlamentares atualmente alvo de investigações e pediu que a proposta seja pautada para votação no Senado.