No Facebook, Dilma diz que vai usar gravações em sua defesa no Senado

Em mais um bate papo nas redes sociais, a presidente afastada Dilma Rousseff convocou seu advogado, ex-ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo para esclarecer a seus seguidores quais serão os pontos da sua defesa na comissão do impeachment do Senado, no dia 1º de junho. Dilma confirmou que as gravações envolvendo o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e caciques peemedebistas vão ser usadas para rebater a legitimidade do processo de impeachment.

“Desde o início, temos alegado que este processo de impeachment foi realizado com desvio de poder, ou seja, buscando-se finalidades totalmente estranhas à lei. Agora, com estas gravações, isto fica ainda mais claro. Se pretendeu o impeachment para impedir que as investigações da operação Lava Jato prosseguissem normalmente. Queriam, com um novo governo, eliminar o combate à corrupção que foi feito durante todo o meu governo”, disse o perfil oficial da petista em um dos comentários.

Quando negociava sua delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, Machado, que é investigado na Lava Jato, gravou conversas com os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Congresso, e com o ex-presidente da República José Sarney. A conversa com Jucá, revelada pela Folha de S. Paulo, mostra o peemedebista insinuando que o afastamento de Dilma e a entrada de Michel Temer no governo poderia ajudar a “estancar” a “sangria” da Lava Jato.

A repercussão fez com que Jucá se afastasse do ministério do Planejamento, 12 dias após ser apontado para o cargo. “A gravação da conversa mantida pelo Senador Romero Jucá com o ex-senador Sérgio Machado deixa isto muito claro. Por esta razão, vamos usar sim na nossa defesa. Tornou-se agora indiscutível a ilegalidade deste processo e o caráter abusivo de uma acusação de crimes que não ocorreram para afastar do cargo quem foi eleito por 54 milhões de votos”, prossegue o perfil de Dilma no comentário.

Recurso internacional

Questionada se pretende recorrer a instâncias internacionais, Dilma respondeu que, por ora, está se concentrando em sua defesa nos órgãos brasileiros, mas disse que existem “parlamentares” – sem citar qualquer nome – que podem entrar com processo na Corte Interamericana de Direitos Humanos. “Já fomos informados que parlamentares brasileiros manifestaram desejo de questionar este processo na Corte Interamericana de Direitos Humanos, esta é uma questão que será decidida por eles de forma autônoma.”

Apesar de afirmar que não pensa, por enquanto, recorrer a uma instância internacional de Direito, Dilma diz em outro comentário que sua defesa já argumentou a nulidade do processo por causa da postura de grande parte dos deputados. Segundo sua defesa, quando a maioria dos deputados e senadores revelaram votos antes de concluído o direito de defesa da presidente no processo de impeachment, houve uma “nulidade decisória”, algo que tem jurisprudência da Corte Interamericana.