Paulo Afonso, na Bahia — A NASA anunciou um plano para instalar um reator nuclear no polo sul da Lua até 2030. A ideia é garantir energia contínua para futuras bases, testar tecnologias úteis a missões a Marte e permitir aproveitar o gelo em crateras permanentemente sombreadas.
O motivo é simples: em áreas onde os painéis solares mal funcionam, é preciso outra fonte de energia. Um reator compacto poderia alimentar habitats, laboratórios, sistemas de suporte à vida e até impressoras 3D, sem depender da luz do Sol ou de estoques enormes de baterias.
Como isso funcionaria na prática? O projeto fala em microrreatores pensados para operar de forma autônoma por longos períodos. Tecnologia semelhante já foi testada em satélites e sondas desde os anos 1960 — os Estados Unidos chegaram a lançar reatores experimentais em 1965 —, mas adaptar tudo para a Lua exige equipamentos mais leves, confiáveis e preparados para o ambiente lunar.
Transporte e montagem aparecem como etapas críticas. Sistemas modulares seriam fabricados na Terra e enviados ao solo lunar por foguetes de grande capacidade, como a Starship, para montagem e instalação. O reator deveria ser enterrado ou protegido por camadas blindadas para conter radiação e operar com segurança próximo a tripulações.
Desafios e custos
Especialistas apontam vários desafios técnicos e logísticos: fabricação em escala, resistência ao lançamento e ao pouso, e operação em um ambiente hostil. Também há limitações na capacidade industrial dos Estados Unidos para produzir microrreatores em grande quantidade. O custo estimado é de cerca de US$ 800 milhões por ano ao longo de cinco anos (aproximadamente R$ 4,3 bilhões). Cortes de pessoal na NASA foram citados como um fator que pode atrasar o cronograma.
Principais pontos a considerar:
- Escala de produção e infraestrutura industrial.
- Sobrevivência aos rigores do lançamento, pouso e ambiente lunar.
- Custos e prioridades orçamentárias.
- Recursos humanos e cronograma afetados por cortes.
Há também um componente geopolítico. China e Rússia anunciaram planos para instalar uma usina nuclear no polo sul lunar até 2035, dentro da chamada Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS). Ter reatores perto de regiões ricas em gelo pode criar zonas de influência prática — sem implicar reivindicações territoriais — e influenciar quem tem prioridade de acesso aos recursos necessários para sustentar bases.
Além da disputa entre países, a experiência com reatores lunares é vista como crucial para missões tripuladas de longa duração, especialmente a Marte, onde a energia solar também pode ser limitada. Os marcos de 2030 (para a NASA) e 2035 (para os planos sino-russos) são prazos a serem acompanhados nos próximos anos.
Em resumo: é um plano ambicioso, com potencial para mudar como mantemos presença fora da Terra — mas depende de tecnologia, dinheiro e logística, e vai exigir decisões políticas e industriais nos próximos anos.