O napalm ficou marcado como um dos compostos incendiários mais temidos do século XX. Desenvolvido pelos Estados Unidos na década de 1940, tornou‑se famoso — ou infame — por gerar chamas de longa duração que devastaram florestas, aldeias e feriram e mataram muitos civis, especialmente nas guerras da Coreia e do Vietnã.
O nome veio da junção de substâncias usadas em sua fabricação. Na forma original, tratava‑se de uma gasolina transformada em gel: aditivos deixavam o combustível mais espesso e aderente, o que prolongava as chamas — que podiam ultrapassar 1.000 °C — e tornava o incêndio muito difícil de controlar.
Variante e efeitos
Posteriormente apareceu a variante conhecida como Napalm‑B, feita a partir de gasolina, poliestireno e benzeno. Sua combustão era mais persistente e causava queimaduras profundas, além de liberar vapores tóxicos. Como se combate algo que adere à pele e continua queimando mesmo em contato com água?
Os efeitos sobre pessoas e ambiente foram relatados com grande severidade. Entre os impactos mais citados estão:
- Danos humanos: material que adere à pele, necrose, choque térmico e lesões respiratórias por inalação de gases tóxicos;
- Ambientais: destruição da cobertura vegetal, contaminação de solos e consequências ecológicas duradouras, especialmente em áreas tropicais afetadas pelos confrontos.
Uso histórico e mudança de compostos
O napalm foi usado desde ataques aéreos na Segunda Guerra Mundial e ganhou forte notoriedade na Coreia e no Vietnã, sendo lançado em bombas e também derramado sobre matas e zonas habitadas para eliminar esconderijos e desorganizar forças adversárias. Em 2001, os Estados Unidos declararam ter cessado o uso do Napalm‑B, afirmando tê‑lo substituído por um composto chamado MK‑77. Organizações não governamentais e reportagens independentes, no entanto, relataram que o novo material teria efeitos comparáveis ao napalm tradicional, e surgiram denúncias sobre o uso de substâncias semelhantes em conflitos posteriores — questões que permaneceram controversas.
Regulação, debates e vigilância
As imagens e relatos de civis atingidos geraram forte repercussão pública e protestos. Em 1980, a Organização das Nações Unidas integrou ao marco regulatório a Convenção sobre Certas Armas Convencionais (CCWC), e o Protocolo III passou a restringir o emprego de armas incendiárias contra populações civis e em áreas urbanas densamente povoadas. Essas regras não proibiram o napalm de forma absoluta: seu uso contra alvos militares ainda é admitido, desde que sejam tomadas medidas para minimizar danos a civis.
No Brasil, o tema entrou em debates públicos e acadêmicos, inclusive em Paulo Afonso, na Bahia, com campanhas de organizações civis que pediram maior fiscalização do cumprimento do Protocolo III. Até hoje, o controle sobre armas incendiárias permanece na agenda de organismos multilaterais e de grupos de vigilância internacional, que monitoram práticas militares e solicitam revisões normativas para garantir a aplicação das restrições previstas.
Em suma: o napalm e suas variantes deixaram um legado técnico e humano complexo — confirmado por relatos sobre efeitos devastadores — e continuam a motivar discussões sobre ética, lei e controle de armamentos.