O relógio político corre. Paulo Azi, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, faz um movimento inesperado. Mesmo sendo oposição ao governo, ele anuncia: vai priorizar uma das principais propostas de interesse do presidente Lula. O clima em Brasília muda. Deputados, assessores e lideranças do Congresso voltam os olhos para a CCJ. O que está por trás dessa decisão?
A proposta em questão é a PEC que pretende acabar com a escala 6×1, regime de trabalho que impacta milhões de brasileiros. De autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), a medida ganhou força após o próprio Lula declarar apoio público à pauta. Agora, Paulo Azi promete colocar o tema em debate já nos próximos dias, acelerando discussões que podem mexer com a rotina de trabalhadores e empresas em todo o país.
“Entendo que chegou a hora do Brasil debater esse tema e permitir e propiciar que os trabalhadores do nosso país possam, efetivamente, ter mais tempo para cuidar da sua família, para ter mais lazer, procurando também mitigar os efeitos dessa redução junto às empresas”, afirmou Azi durante agenda na Bahia, na última sexta-feira .
A decisão de Azi não veio do nada. Após o presidente Lula assumir publicamente a defesa da PEC, lideranças do governo intensificaram as articulações para avançar com a proposta. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), já declarou:
“A fala do Lula impulsionou muito. Eu vou conversar com Paulo Azi. As três prioridades do PT este ano são isenção do imposto de renda, PEC da Segurança e escala 6×1” .
O tema é sensível. Segundo dados do IBGE, cerca de 12 milhões de trabalhadores atuam em jornadas que podem ser afetadas pela mudança. O debate promete ser intenso, já que entidades empresariais demonstram preocupação com possíveis impactos econômicos, enquanto sindicatos defendem a medida como avanço social.
Veja os principais pontos da proposta que Paulo Azi pretende priorizar:
- Fim da escala 6×1, que obriga o trabalhador a folgar apenas um dia após seis dias consecutivos de trabalho.
- Possibilidade de mais tempo livre para lazer e convívio familiar.
- Discussão sobre medidas para mitigar impactos nas empresas.
- Instalação de comissão especial para aprofundar o debate no Congresso.
A CCJ, sob comando de Azi, será responsável por analisar a admissibilidade da PEC. Se aprovada, a proposta segue para uma comissão especial e, depois, para votação em plenário. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já sinalizou que o tema terá prioridade neste ano.
Enquanto os bastidores fervem, a expectativa é de que o debate sobre a escala 6×1 avance rapidamente. O desfecho pode impactar diretamente a vida de milhões de brasileiros.