Em Paulo Afonso, no sertão da Bahia, um contrato milionário para a limpeza urbana virou assunto quente nas ruas e nas redes sociais. A Prefeitura assinou um acordo de R$ 30 milhões com a empresa QAMP Serviços de Construções Ltda., mas a medida encontrou forte resistência. O vereador Jailson Oliveira, líder da oposição na Câmara Municipal, acusa o governo de inflar os custos e levanta uma pergunta que ecoa entre os moradores: será que todo esse dinheiro está realmente sendo revertido em ruas mais limpas e praças bem cuidadas?
De um lado, a Prefeitura defende o contrato, dizendo que ele garante estrutura moderna e condições melhores para os trabalhadores. Do outro, moradores e parlamentares da oposição reclamam que a realidade continua a mesma: lixo acumulado em bairros, praças malcuidadas e falhas na coleta. O debate, portanto, vai além dos números — toca diretamente no bolso da população e na qualidade de vida cotidiana, em um momento de desconfiança crescente com os gastos públicos.
A Crítica que Ecoa nas Ruas
A polêmica ganhou força em julho de 2025, quando o contrato foi homologado. Para Jailson Oliveira, o salto em relação ao valor anterior — que ele afirma ter sido de R$ 12 milhões com a empresa Gard Terceirização — é injustificável. “É um escândalo que não se sustenta na prática”, disparou o vereador em suas redes sociais.
Segundo ele, a cidade ainda enfrenta problemas como lixo acumulado e praças abandonadas, além de uma suposta redução na equipe de trabalhadores. Para Oliveira, o que está em jogo não é só um contrato, mas a sensação de que o contribuinte paga caro sem ver retorno.
Moradores confirmam essa insatisfação. Em bairros mais afastados e povoados rurais, relatos apontam falhas na coleta e áreas verdes sem manutenção. “Não adianta investir milhões se eu abro a porta de casa e continuo vendo montes de lixo na esquina”, comentou uma moradora em um portal local. Essa percepção alimenta a desconfiança: será que o dinheiro está sendo bem aplicado?
A Defesa da Prefeitura
A administração municipal rebate as críticas e aponta erros nos números apresentados pelo vereador. Segundo a Prefeitura, o contrato anterior não custava R$ 12 milhões, mas sim R$ 19,8 milhões. Além disso, o novo acordo não cobre apenas a mão de obra: inclui a compra de equipamentos modernos, como caminhões compactadores, roçadeiras e retroescavadeiras, além de benefícios trabalhistas como vale-alimentação, adicional de insalubridade e assistência médica.
“Não se trata só de valores, mas de oferecer uma estrutura mais eficiente e humanizada”, argumenta a gestão. Outro ponto destacado é a ampliação da coleta domiciliar, que agora alcança povoados rurais, algo que não estava previsto no contrato anterior.
O governo ainda reforça que todo o processo de licitação, iniciado em março, seguiu a lei e foi conduzido com transparência. A empresa QAMP assumiu o serviço em julho de 2025, garantindo continuidade e evitando demissões.
O Impacto no Bolso e na Vida do Cidadão
Mas por que essa discussão mexe tanto com a população? Porque os R$ 30 milhões saem diretamente dos cofres municipais — ou seja, do bolso do contribuinte. E quando o retorno não é claro, a indignação cresce. Afinal, será que esse dinheiro não poderia ser investido em áreas como saúde, educação ou infraestrutura, que também sofrem carências em Paulo Afonso?
Vale lembrar que os gastos com limpeza urbana vêm subindo ano após ano. Em 2019, um contrato similar custava cerca de R$ 12,4 milhões anuais. O aumento, segundo a Prefeitura, acompanha o crescimento da cidade e novas exigências ambientais previstas no Plano Municipal de Saneamento Básico. Mas para muitos cidadãos, esse argumento não compensa o fato de continuarem convivendo com problemas básicos de higiene urbana.
O Que Vem Pela Frente
A disputa política está longe de acabar. Jailson Oliveira promete levar o assunto para novas sessões da Câmara e intensificar a fiscalização. A Prefeitura, por sua vez, pede paciência e convida os moradores a acompanhar os avanços por meio de canais oficiais.
Enquanto isso, o debate continua a esquentar. Para além dos números e discursos, o que está em jogo é a confiança da população na gestão pública. E, no fim das contas, o que os moradores mais querem não são apenas ruas mais limpas, mas uma administração que reflita de verdade as necessidades da comunidade.