O deputado estadual Roberto Carlos (PV), da Bahia, viu uma possível candidatura a deputado federal para as eleições de 2026 esfriar nas últimas semanas — e isso virou motivo de inquietação entre aliados. O quadro mudou rápido; por que essa hesitação?
O recuo e as cobranças
Uma liderança da base do governador Jerônimo Rodrigues afirmou de forma categórica que “Roberto Carlos não será candidato” a federal em 2026. A versão ganhou força porque, segundo aliados, o parlamentar vinha pedindo garantias do governo para enfrentar o impacto das emendas parlamentares e tentar assegurar uma vaga em Brasília.
Essas exigências, dizem fontes próximas, acabaram esfriando as negociações nos últimos meses. Em meio às conversas, surgiu a ideia de um retorno ao PDT — partido em que Roberto Carlos ficou por cerca de 30 anos — como estratégia para viabilizar a postulação.
O deputado chegou até a relatar que recebeu convite do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, para voltar ao partido e disputar a vaga, com um suposto pré-acordo envolvendo o governador. Para avançar, Roberto Carlos teria pedido uma reunião entre o governador, Carlos Lupi e o prefeito de Juazeiro, Andrei Gonçalves (MDB) — uma condição vista por ele como necessária para dar segurança à candidatura.
Estratégia local e perda de votos
Com as articulações emperradas, o deputado chegou a oficializar a intenção de disputar a reeleição ao cargo estadual em Juazeiro, pelo menos temporariamente. A informação foi comunicada a lideranças do Sertão do São Francisco como forma de não deixar espaço político. Segundo uma fonte ouvida pela reportagem, “Todos os prefeitos que dão apoio a ele já possuem um federal. Mesmo assim, contamos 80 mil votos e precisávamos de mais 20 mil, que seriam do apoio de Jerônimo”.
Além disso, aliados demonstraram preocupação com o avanço do petista Juvenilson Passos, ex-prefeito de Sento Sé, que ampliou presença em Juazeiro. Sobre isso, uma pessoa próxima ao parlamentar chegou a dizer: “Preferia até que ele fosse para federal”, ao comentar a perda de votos atribuída às articulações em favor do petista.
Suportes e impedimentos
Juvenilson recebeu apoio público do deputado federal Diego Coronel (PSD) — que foi o terceiro candidato mais votado na Bahia em 2022, com mais de 170 mil votos — e participou de agendas do governador no interior, ampliando sua visibilidade.
Por outro lado, levantamento do Off News indicou que Juvenilson foi declarado inelegível até 2030 por conta da rejeição de contas do seu período como prefeito (2001–2008). O acumulado de oito contas desaprovadas consta no Acórdão nº 17.246/2021 do Tribunal de Contas da União (1ª Câmara).
No fim, fontes ouvidas frisam que as negociações e a possibilidade da tal reunião entre o governador, Carlos Lupi e o prefeito Andrei Gonçalves serão determinantes para o desfecho das pretensões de Roberto Carlos em 2026. Resta ver se as conversas serão retomadas — e com que garantias.