Leite cru — o chamado “leite direto da vaca” — pode parecer mais natural, mas traz riscos que não valem a pena ser ignorados. Consumir o produto logo após a ordenha, sem controles sanitários ou tratamento térmico, expõe quem bebe a microrganismos que podem causar doenças.
Por definição, leite cru é o leite que não passou por pasteurização nem esterilização e, por isso, mantém as bactérias, vírus e parasitas naturalmente presentes no líquido. Esses agentes podem provocar infecções como salmonelose e difteria, entre outras.
Vale a pena arriscar? Para reduzir esses perigos existem tratamentos térmicos que mudam o quadro de forma significativa — veja como funcionam.
Como o leite é tratado
- Pasteurização: aquecimento a temperaturas inferiores a 100 °C, em ciclos rápidos ou lentos, seguido de resfriamento imediato e conservação refrigerada. O processo elimina a maioria dos microrganismos causadores de doenças sem alterar de forma relevante o sabor ou os nutrientes. Em geral, o leite pasteurizado tem validade de cerca de 7 dias, dependendo da temperatura de armazenamento.
- Esterilização (UHT): envolve temperaturas acima de 100 °C. O método UHT (Ultra High Temperature) aquece o leite a pelo menos 135 °C por alguns segundos, resfria e embala de forma asséptica, permitindo que o produto fique estável por vários meses na prateleira até ser aberto.
No Brasil, a venda de leite cru para consumo direto é proibida desde 1969, pelo Decreto-Lei nº 923, que determinou que apenas leite submetido a tratamento térmico pode ser comercializado. Autoridades internacionais também alertam para o risco: a FDA dos Estados Unidos reafirma que a pasteurização é uma medida básica de saúde pública.
Além da segurança, o leite pasteurizado mantém benefícios nutricionais importantes. É fonte de cálcio e, segundo o Ministério da Saúde, contribui para a saúde óssea; alguns estudos apontaram ainda associação entre maior ingestão de cálcio (incluindo pelo leite) e menor risco de câncer de cólon. Especialistas também destacam a diferença entre intolerância à lactose (dificuldade de digerir lactose) e alergia à proteína do leite (resposta imunológica).
Em resumo: autoridades de saúde recomendam evitar o consumo de leite não tratado. A proibição da venda direta do leite cru permanece como uma medida clara de proteção ao consumidor — proteger a saúde é prioridade.

