Pilotar um governo, especialmente um estado grande como a Bahia, é sempre um desafio. Mas o time de Jerônimo Rodrigues tem enfrentado mais do que o comum ultimamente: uma série de tropeços que acendem um sinal de alerta sobre como as coisas estão sendo administradas. Imagina a cena: na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o Executivo pede urgência para votar projetos cruciais, inclusive um que tratava do reajuste salarial dos servidores. Parecia tudo encaminhado, mas, de repente, sem nenhuma explicação, pedem para retirar o projeto da pauta. Esse tipo de ‘vai e volta’, somado a outros episódios, tem levantado a bandeira do que muitos chamam de amadorismo na gestão das pautas mais importantes do estado. E quem sente o impacto direto? Os servidores públicos e a própria relação entre os poderes.
Esse episódio do reajuste, que já tinha até a luz verde da bancada governista para ser votado com urgência, pegou mal. Gerou um constrangimento enorme e fez com que a AL-BA se sentisse, nas palavras de alguns, como uma “Casa de carimbar decisões”. A culpa não é da Assembleia ou da sua presidente, Ivana Bastos, mas sim da maneira atrapalhada como o próprio governo tem se articulado com sua base aliada. E não foi um caso isolado: dias antes, vimos um filme parecido com a questão das taxas de cartório. O governo garantiu um acordo com a Casa Civil que, na prática, não existia. O resultado? Um projeto enviado pelo próprio governador acabou vetado. Parece que a mão direita não sabe o que a esquerda está fazendo, não é?
Toda essa sequência de ‘desencontros’ acabou focando os holofotes no que muitos percebem como amadorismo no coração do governo, perto do governador Jerônimo Rodrigues. A Casa Civil, por exemplo, hoje sob o comando de Afonso Florence, é vista como um setor que perdeu o brilho, a força que tinha na época de Rui Costa – aquele que, aliás, impulsionou Jerônimo à corrida eleitoral em 2014. Dizem nos bastidores que a manutenção de Florence no cargo se deve mais à “gratidão” de Jerônimo e à necessidade de ter um deputado federal do PT no governo para manter o equilíbrio político. Mas o problema não para por aí: a Secretaria de Administração (SEA) também entrou na mira. O atual secretário, Rodrigo Pimentel, chegou há pouco tempo e não é ligado a essas falhas anteriores. A troca de seu antecessor, Edelvino Góes, aconteceu depois que o próprio governador criticou publicamente um edital de leilão de um antigo colégio – o Odorico Tavares –, que foi cancelado no mesmo dia em que foi publicado. Um sinal claro de que a insatisfação já vinha de longe.
E qual foi a reação da Casa Civil e da Secretaria de Administração diante de tantas falhas e dessa relação tumultuada com a AL-BA? Culpar a imprensa. Sim, em vez de assumir os problemas, tentaram desviar o foco. Chegaram a publicar nas redes sociais um post usando “animais falantes”, com uma linguagem que, para muitos, tratava o eleitorado “como crianças”. O mais grave? Chamaram de falsas informações que estavam publicadas no próprio Diário Oficial da Assembleia. Isso levanta sérias perguntas sobre a transparência do governo, não é mesmo? É como se quisessem apagar o fogo jogando gasolina.
Essa sucessão de acontecimentos nos faz questionar: será que o próprio governo está enxergando a dimensão desses problemas? Porque, no fim das contas, essa coleção de erros e a forma como eles foram geridos acabam minando algo fundamental: a confiança. A confiança da imprensa, dos deputados estaduais e, principalmente, do eleitorado – justamente aqueles que são cruciais para o sucesso de qualquer administração pública na Bahia. Por isso, ficar de olho na gestão estadual é mais do que importante; é essencial para que possamos cobrar a transparência e a eficiência que todos nós merecemos.