A política em Canavieiras, no sul da Bahia, ficou em clima de apreensão depois que o Ministério Público da Bahia (MP-BA) abriu investigação sobre suspeitas de irregularidades e possível interferência política no processo seletivo para contratação de atendentes do SAMU pela prefeitura.
Como isso aconteceu? Segundo a denúncia, servidores que participaram da seleção notaram que nomes indicados pelo presidente da Câmara, Ronald Souza (do Avante), tiveram pontuações superiores a outros candidatos, mesmo que critérios previstos no edital parecessem ter sido desconsiderados. O resultado foi divulgado sem possibilidade de apresentação de recursos administrativos, o que, segundo os denunciantes, impediu contestações formais.
O que o MP apurou
O MP-BA registrou que uma candidata não recebeu pontuação em uma etapa da avaliação e que outro concorrente afirmou que vários documentos entregues não foram considerados. A denúncia sugere intervenção deliberada do vereador na escolha de candidatos específicos — conduta que, de acordo com o Ministério Público, pode configurar crime e comprometer a lisura de um processo custeado com recursos públicos.
Foram apontados como investigados o atual prefeito Paulo Carvalho, o presidente da Câmara Ronald Souza — conhecido nas urnas como Roni da Pesca — e a ex-secretária municipal de Saúde, Diala Magalhães. Todos, conforme a apuração, integravam o mesmo partido: o Avante.
Após a denúncia de quatro candidatos, o MP instaurou inquérito civil e encontrou problemas adicionais:
- candidatos aprovados com pontuação idêntica de 70 pontos, sem justificativa e sem experiência prévia na função, o que exigiu treinamentos em outro município;
- convocação de um candidato que não constava na lista oficial de aprovados;
- publicação tardia de documento complementar com informações essenciais — como o salário — somente depois do encerramento da seleção.
Um dos denunciantes disse acreditar que, pelos certificados apresentados, sua pontuação inicial deveria ter sido de pelo menos 75 pontos, acima da de alguns convocados. Em depoimento, uma das responsáveis pela seleção confirmou haver interferência política e relatou que a pontuação final divulgada pela Secretaria Municipal de Saúde não correspondia aos cálculos por ela realizados. Ela também afirmou que nenhum candidato havia atingido a pontuação máxima, embora alguns tivessem obtido notas superiores às 70 pontos divulgadas publicamente.
Diante das irregularidades, o Ministério Público recomendou a suspensão do processo seletivo e a correção imediata dos resultados. A orientação, porém, não foi acatada pela Secretaria Municipal de Saúde de Canavieiras.
O caso seguiu em tramitação no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) e corre em segredo de justiça. O BN procurou os três investigados para manifestação até a publicação desta matéria, mas nenhum deles se pronunciou.

 
			
 
		 
		 
		 
 
			 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		