Imagine descobrir que, durante anos, o valor da sua aposentadoria foi corroído por descontos que você nunca autorizou. Parece absurdo, né? Mas essa foi a realidade de centenas de milhares de brasileiros. A boa notícia? O governo está começando a corrigir essa injustiça.
Em apenas dois dias, o INSS devolveu R$ 330 milhões a meio milhão de aposentados e pensionistas que caíram em um golpe gigantesco envolvendo cobranças fraudulentas em suas folhas de pagamento. A operação de ressarcimento começou na última quinta-feira (24) e, segundo o presidente do INSS, Gilberto Waller, outras 552 mil pessoas já têm pagamentos agendados até 30 de novembro. A expectativa é ressarcir mais de 1 milhão de vítimas nos próximos meses.
Por trás dos números, histórias reais
Cada uma dessas 500 mil pessoas representa uma história de luta, muitas vezes marcada por frustrações e tentativas frustradas de resolver o problema. Como a de dona Elena Costa Freitas. Ela teve descontos indevidos tanto na aposentadoria quanto na pensão. Foi nos Correios, com ajuda da filha Sheila, que finalmente conseguiu resolver. “Aqui foi super rápido, super tranquilo”, contou Sheila, aliviada.
Um golpe bilionário revelado
Tudo começou a vir à tona com a “Operação Sem Desconto”, deflagrada em abril pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU). A investigação revelou um esquema nacional que, entre 2019 e 2024, pode ter desviado até R$ 6,3 bilhões. Associações de classe cobravam mensalidades sem consentimento — muitas vezes com assinaturas falsificadas.
Mais de 97% dos aposentados ouvidos pela CGU garantiram: nunca autorizaram os descontos. Os serviços prometidos — como assessoria jurídica ou convênios de saúde — simplesmente não existiam. Na prática, eram empresas de fachada montadas só para aplicar golpes.
Quem está por trás disso?
Ao menos 11 entidades estão na mira das autoridades. Entre elas, a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi/FS) e a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB). A CGU descobriu que 70% dessas instituições nem sequer entregaram a documentação exigida pelo INSS.
Como saber se você tem direito à devolução?
Se você contestou descontos e não teve resposta, pode estar entre os beneficiários. Até agora, quase 1 milhão de pessoas já aderiram ao acordo de devolução — quase metade dos 2,05 milhões aptos.
O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, reforça que o objetivo é reconquistar a confiança da população. “Quando o ressarcimento acontece, começa a virar a chave. As pessoas voltam a acreditar”, afirmou.
Como funciona o pagamento
A devolução é feita direto na conta onde o benefício é depositado, com correção pelo IPCA. Tudo de forma segura, sem precisar fornecer novos dados bancários. O valor é pago em uma única parcela, seguindo a ordem de quem aderiu primeiro ao acordo.
Quer pedir o ressarcimento? Veja o passo a passo:
- Entre no aplicativo Meu INSS com seu CPF e senha.
- Vá até “Consultar Pedidos” e clique em “Cumprir Exigência”.
- No final da página, aceite os termos.
- Clique em “Enviar” e pronto! Agora é só aguardar o pagamento.
Também dá para aderir nas agências dos Correios, pela Central 135 ou no site gov.br/inss.
Atenção ao prazo!
Você tem até 14 de novembro de 2025 para contestar os descontos. Os pagamentos seguem até o fim deste ano, em lotes diários de 100 mil beneficiários.
Mais de 4,5 milhões de pessoas já disseram ao governo que não reconhecem os descontos. Isso mostra a gravidade e a escala do problema. O governo destinou R$ 3,3 bilhões para bancar o ressarcimento.
Tentaram fraudar até o ressarcimento
Acredite se quiser: algumas entidades tentaram burlar até a devolução do dinheiro. Segundo o presidente do INSS, houve pelo menos seis casos em que softwares foram usados para falsificar assinaturas. “É a fraude da fraude”, disse indignado Gilberto Waller.
A resposta foi rápida. A AGU (Advocacia-Geral da União) bloqueou R$ 2,8 bilhões em bens das entidades investigadas. O ministro Jorge Messias foi direto: “Não ficará pedra sobre pedra”.
Cuidado com novos golpes
Com o aumento da visibilidade do caso, surgiram oportunistas tentando enganar ainda mais aposentados. O INSS reforça: não envia links por WhatsApp, não liga pedindo dados e não cobra taxa para ressarcimento.
Use apenas canais oficiais:
- App Meu INSS
- Site gov.br/inss
- Central 135
- Agências dos Correios
Os Correios foram essenciais
Graças à parceria com os Correios, mais de 2,5 milhões de pessoas já procuraram atendimento em mais de 5 mil agências espalhadas pelo Brasil. “Foi uma escolha acertada. Os Correios estão em todos os municípios”, destacou o ministro Wolney Queiroz.
Muito mais que dinheiro
Os R$ 330 milhões devolvidos representam mais do que um acerto de contas: é um alívio no bolso de milhares de famílias que já enfrentam dificuldades. Em muitos casos, os descontos passavam de R$ 80 por mês — um valor que faz diferença para quem depende do benefício para tudo.
A mensagem do governo é clara: ninguém que contribuiu a vida inteira para este país vai ficar no prejuízo.
Essa rápida devolução é só o começo. Com mais de 1 milhão de pessoas ainda esperando o ressarcimento, o processo continua. A missão agora é garantir que todos os lesados tenham seus direitos restaurados. Porque justiça, nesse caso, também se faz com dinheiro de volta no bolso.