A Hidrovia do São Francisco voltou a ganhar atenção neste setembro. A Companhia Docas do Estado da Bahia (Codeba) começou estudos de batimetria e sondagem com o objetivo de reativar o corredor fluvial. A meta é concluir todas as etapas — incluindo licenciamento ambiental e abertura de consulta pública — até dezembro de 2026, para então levar a concessão a leilão, desde que o Ministério de Portos e Aeroportos dê o aval.
O que está sendo feito
Batimetria é a medição e o mapeamento do relevo do fundo do rio — pense nisso como fazer um mapa do caminho que a embarcação vai seguir. Esses levantamentos fazem parte da primeira fase, autorizada pelo Ministério de Portos e Aeroportos, que já havia liberado os estudos de viabilidade. Além disso, o programa inclui diagnóstico socioambiental e estudos preliminares de viabilidade.
“A primeira fase já começa agora. São feitos os estudos de batimetria, sondagem, diagnóstico socioambiental e estudos preliminares de viabilidade. Em uma segunda etapa paralela, iniciam-se os estudos para uma futura modelagem de concessão”, disse Antonio Gobbo, presidente da Codeba, ao Bahia Notícias durante evento no Centro de Convenções de Salvador, na Bahia, na última sexta-feira (29).
Extensão e potencial
A hidrovia tem 1.371 quilômetros navegáveis, ligando Petrolina (PE), Juazeiro (BA) e Pirapora (MG). A previsão é que o trajeto possa substituir até 1,2 mil caminhões — uma alternativa para escoar cargas sem sobrecarregar as rodovias.
No trecho de 604 km entre Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), passando por Sobradinho (BA) e chegando a Ibotirama (BA), empresas agrícolas e industriais podem usar a rota para escoamento. Entre os produtos citados pela Codeba estão:
- insumos agrícolas, soja e milho;
- gipsita e minérios;
- bebidas e sal.
E algumas potenciais usuárias foram apontadas pela Codeba, como Icofort, Mauriceia, Cargill, Bung Alimentos, Eter Draywall e Arcelormittal, que encaminhariam cargas por rodovia até o Porto de Aratu, em Candeias (BA), na Região Metropolitana de Salvador.
O projeto atinge uma área ampla: segundo a Codeba, são 505 municípios e mais de 11 milhões de habitantes. A expectativa é que a viabilização da hidrovia seja um marco para o transporte de cargas e o desenvolvimento regional.
“Esse é talvez um dos maiores e mais emblemáticos projetos de desenvolvimento humano que esse país já viu. É uma extensão territorial absolutamente gigantesca, e o desenvolvimento da região do São Francisco foi feito ao longo do tempo às suas margens e utilizando os caminhos que a hidrovia proporcionava”, afirmou Antonio Gobbo.
Em resumo: os estudos seguem por duas frentes — levantamentos técnicos e socioambientais iniciais, e uma etapa paralela para modelagem da futura concessão. A conclusão das análises, a obtenção das licenças ambientais e a realização da consulta pública são condições para abrir o leilão, que depende da liberação do Ministério de Portos e Aeroportos. Se tudo caminhar conforme o plano, a região pode ganhar uma via de transporte mais barata e menos dependente das estradas — e o país, uma alternativa logística importante. Quem ganha com isso? A região e o escoamento de cargas, em primeiro lugar.