O governo federal anunciou que o salário mínimo brasileiro deve subir para R$ 1.630 em 2026, conforme divulgado pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. O reajuste, considerado o maior ganho real em 50 anos, busca recuperar o poder de compra dos trabalhadores, mas ainda está distante de atender plenamente as necessidades das famílias brasileiras.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o novo valor do salário mínimo não é suficiente para cobrir o custo de vida básico no país. O órgão calcula mensalmente o valor da cesta básica nas principais capitais e aponta que, mesmo com o reajuste, em nenhuma delas o salário mínimo previsto para 2026 será suficiente para comprar três cestas básicas. Em treze capitais, o valor cobre duas cestas, enquanto em quatro, apenas uma.
Em São Paulo, por exemplo, a cesta básica custa R$ 882,76, o que permite a compra de apenas uma unidade com o salário mínimo. Capitais como Salvador, Recife e Belo Horizonte apresentam valores que possibilitam a aquisição de duas cestas básicas, mas ainda assim, o orçamento permanece apertado para a maioria das famílias.
O Dieese também calcula o chamado salário mínimo necessário, que seria o valor ideal para garantir o sustento de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças). Em junho de 2025, esse valor foi estimado em R$ 7.416,07, quase cinco vezes o salário mínimo atual. O levantamento reforça a distância entre o piso nacional e o custo real de vida no Brasil.
O reajuste do salário mínimo impacta diretamente a renda de cerca de 59,9 milhões de brasileiros, incluindo aposentados, pensionistas, trabalhadores com carteira assinada, autônomos e empregados domésticos. O aumento também movimenta a economia, com impacto estimado de R$ 81,5 bilhões, segundo o Dieese, mas representa um desafio para a previdência social, que arca com a maior parte dos benefícios atrelados ao piso nacional.