Instituições federais — inclusive na Bahia — anunciaram a oferta de 5.000 novas vagas em cursos de graduação nas áreas de biotecnologia, engenharia, robótica e inteligência artificial. As oportunidades já entram no calendário do Enem 2025, marcado para os dias 9 e 16 de novembro, informou o ministro da Educação, Camilo Santana, na abertura da 5ª Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica (SNEPT), em Brasília.
O anúncio
Segundo Camilo Santana, as universidades federais e os Institutos Federais ficaram responsáveis por escolher quais cursos vão compor essa ampliação. O Ministério da Educação também autorizou vagas para professores, para que as novas turmas possam ser organizadas já para o ano letivo seguinte.
O ministro destacou a necessidade de aproximar a oferta de ensino ao mundo atual do trabalho, com foco em ciência, tecnologia, engenharia e matemática — trazendo robótica, inteligência artificial e novas matrizes energéticas para dentro dos cursos. «É inovar e ofertar dentro das nossas instituições cursos conectados com o atual mundo do trabalho», disse ele.
Por que agora?
O governo justificou a expansão pela rápida incorporação de tecnologias no mercado. Um estudo do FGV/Ibre, citado na apresentação, mostra que cerca de uma em cada três empresas aponta falta de mão de obra qualificada como entrave para a aplicação da inteligência artificial no dia a dia — e, no setor da construção, esse percentual chega a 53%.
Em entrevista citada pelo governo, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, resumiu o problema: «Nós temos vagas abertas no mercado de trabalho, não preenchidas por ausência de capacitação».
Habilidades em destaque
Relatórios apresentados no evento indicaram que aproximadamente 39% das habilidades que hoje definem o mercado de trabalho devem ser transformadas ou se tornar obsoletas entre 2025 e 2030. Entre as competências apontadas como prioritárias estavam:
- Pensamento analítico (69%)
- Resiliência, flexibilidade e agilidade (67%)
- Liderança e influência social (61%)
- Pensamento criativo (57%)
- Alfabetização tecnológica (51%)
- IA e Big Data (45%)
Quais profissões devem crescer ou encolher? Os relatórios listaram funções com maior demanda prevista — como especialistas em Big Data, engenheiros de fintech, especialistas em IA e desenvolvedores de software — e aquelas com tendência de queda, como funcionários de serviços postais, caixas bancários e operadores de entrada de dados.
O que muda na prática
Além das vagas e dos novos cursos, o governo anunciou a criação de um grupo de trabalho formado por reitores para revisar as relações entre universidades federais e fundações de pesquisa e inovação. A iniciativa complementa o Programa Acelera NIT Brasil, voltado ao fortalecimento dos Núcleos de Inovação Tecnológica por meio de inovação, empreendedorismo e sustentabilidade.
De acordo com o Ministério da Educação, as medidas — autorização de vagas para docentes, lançamento de cursos e o trabalho dos reitores com as fundações — começaram a ser implementadas imediatamente, com a oferta já prevista para o calendário do Enem 2025. Afinal, se o mercado muda rápido, preparar pessoas para essas novas demandas deixou de ser opção e virou urgência.