Glória: “Eu me sinto prejudicado, humilhado”, diz trabalhador sobre boicote do G6 à sessão extraordinária da Câmara

O que esteve em curso na tarde desta quarta-feira (23), na Câmara Municipal de Glória, promovido pelo G6 – vereadores de oposição ao governo da prefeita Ena Vilma Negromonte (PP), que boicotaram a sessão extraordinária onde se votaria o credito adicional especial de pouco mais de R$ 1 milhão, passa à margem do bom senso e avança para desumano.

No natal, famílias inteiras do município vão ficar sem comprar o básico para fazerem suas respectivas ceias, porque a política baseada na picuinha privilegia, sobretudo, a covardia. Os vereadores de oposição se quer compareceram à sessão para, pelo menos, explicar aos trabalhadores como dona Neide, Isac e Maria das Graças porque não autorizam a anulação.

O presidente da Câmara, José Nilson (PSD) explicou a situação aos presentes e disse que seria necessário dois terços para que a sessão pudesse ser iniciada, como estavam em cinco, e precisariam de sete, a mesma não aconteceria.

“Nós enviamos ofício a todos os vereadores, em tempo hábil de 48 horas, para que pudessem apreciar este projeto, não temos quórum, quero aqui me desculpar e agradecer a presença de todos vocês”, explicou o presidente à plateia que se revoltou.

Em tempo: houve um equivoco da prefeita quando disse que esta suplementação seria para pagar o 13º dos funcionários, a dotação, na verdade é para pagar os salários de dezembro. Mandar o projeto duas vezes à Casa é um procedimento legal, como não houve a segunda sessão, o executivo deve recorrer à justiça para quitar o pagamento de dona Neide e todos aqueles que estão sem receber.

“Eu sempre achei que se um dia a oposição fosse maioria se utilizaria desta condição para trabalhar para o povo, no entanto, usam exatamente para prejudicá-los. Porém, os servidores se tranquilizam que a prefeita irá procurar todos os mecanismos legais para pagar os funcionários”, disse o secretário de governo, Nivaldo Lopes em entrevista.

Carlinhos do Brejo (PP), Marcelo Gomes (PDT), Rita de Oliveira (PP), Alex Almeida (PDT), Valério José (PT) e Dorgival Oliveira (PV) são os vereadores do G6.

Na saída da Câmara, indignados com a situação, alguns trabalhadores falaram. Segundo nos disse dona Neide, já espera ficar no escuro, além de ficar sem poder fazer sua feira. “Eu paguei agora uma conta porque a Coelba cortou minha luz, e agora sem eu receber vai cortar de novo”, disse. Segundo a dona de casa o mais difícil será mesmo o natal:

É ruim passar o ano sem dinheiro, sem comprar alguma coisa para dentro de casa, pagar o que deve, papel de energia que eu tenho em casa para pagar tudo né?, vão cortar minha energia de novo, mas aí não é culpa da prefeita, mas desses vereadores que não assinou para pagar a gente”,

Já para o trabalhador Isac que não gosta de política e que nunca tinha pisado os pés na Câmara, o que aconteceu hoje foi mais do que revoltante, foi humilhação:

“É a primeira vez que eu saiba que um vereador vota contra o povo, eu me sinto prejudicado, humilhado porque trabalhamos o mês todinho para chegar e não receber um centavo, como eles sabem que é dinheiro para o povo por que não votaram a favor?”

A pergunta de Isac é mesma que todos que têm consciência fazem, porque passa a não ser, como é possível observar, uma questão só política. É preciso ser um político de miolo mole para achar que tal manobra que prejudica essencialmente quem está na ponta, ou seja, os pobres, irá reverter em vantagem eleitoreira.

Quando se é vereador, prefeito ou governador, o que está em jogo é a representatividade, não se é vereador de um grupo, mas da população. Independente da questão, uma única pessoa não pode ser prejudicada. Como se vê, famílias inteiras estão sendo punidas por uma atitude, em última análise, mesquinha.

Ao final do encontro, um dos integrantes do G6 telefonou para o presidente da Câmara, querendo saber como foi, ou melhor, como não foi, talvez para comemorar aquilo que o grupo oposicionista entende ser uma grande vitória.