Você já percebeu como algumas cidades conseguem se reinventar quando o cenário muda? Pois foi exatamente isso que Paulo Afonso mostrou ser capaz de fazer. Na última terça-feira (05/08), o auditório da UNIRIOS ficou pequeno diante de tanta energia (não só elétrica!) e entusiasmo para o 1º Fórum de Desenvolvimento Econômico do município. Mais do que um evento, o fórum marcou o início de uma nova fase — aquela em que Paulo Afonso deixa de ser conhecida apenas pelas suas hidrelétricas e parte para novos horizontes de crescimento.
O prefeito Mário Cezar Barreto de Azevedo, mais conhecido como Mário Galinho, resumiu bem o clima do dia: “Este fórum foi um marco histórico nessa transformação”. E não era só ele quem estava animado. Lideranças estaduais, representantes do SEBRAE, SENAI, CDL, FIEB, Banco Sicoob, universidades e empresários locais, todos partilhavam uma certeza: chegou a hora de virar a chave do desenvolvimento.
Muito além das barragens: hora de diversificar
Para entender por que esse momento é tão especial, vale lembrar um pouco da história local. Desde os anos 1950, quando as obras do Complexo Hidrelétrico começaram, a cidade praticamente se resumiu ao universo da energia. Não à toa, quase 62% do PIB de Paulo Afonso — que já soma R$ 4 bilhões — ainda vêm desse setor.
Só que esse sucesso tem um preço: uma dependência que deixou a economia vulnerável. Apesar do PIB per capita impressionante de R$ 33,3 mil, acima da média baiana, Paulo Afonso sente os desafios de diversificar seus negócios. Os índices de empreendedorismo mostram que ainda há muito espaço para crescer, principalmente quando o assunto é densidade e expansão.
Como disse Emerson Leandro, secretário de Turismo, Indústria e Comércio, “foi o começo de uma transformação real. Paulo Afonso deu exemplo ao colocar o desenvolvimento local como prioridade de governo e de toda a sociedade”.
Conselho de Desenvolvimento: construindo o futuro juntos
Entre os momentos marcantes do fórum, destaque para a assinatura da minuta de Lei que vai criar o Conselho de Desenvolvimento Econômico de Paulo Afonso. Essa não é só uma medida burocrática, mas o passo que faltava para transformar a vontade de mudar em políticas concretas.
Messon Leandro, secretário municipal de Turismo, Indústria e Comércio, explicou o peso dessa decisão: “Esse Fórum foi mais do que um encontro de ideias — foi um divisor de águas. Agora temos propostas reais, conexões fortalecidas e um compromisso coletivo de transformar Paulo Afonso em um polo de oportunidades”.
E as ideias já começam a sair do papel. Entre as prioridades do futuro conselho, estão:
- Elaborar um Plano Estratégico Municipal de Desenvolvimento
- Incentivar polos de inovação e tecnologia
- Criar benefícios fiscais para empreendedores e atrair novas empresas
- Fortalecer as cadeias produtivas locais
Novos pilares: tecnologia, cooperativismo e economia criativa
O fórum deixou claro que o futuro econômico da cidade será construído em bases mais amplas. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ângelo Almeida, destacou o potencial das cidades inteligentes, enquanto Dimitrius Carvalho apostou no fortalecimento do cooperativismo como motor de crescimento.
Esse tema, aliás, ganhou palco especial. Vandalva Lima, presidente do SICOOB Coopere, apresentou um exemplo real do impacto das cooperativas no desenvolvimento local. Carlos Cointeiro, do SEBRAE, reforçou o papel vital das micro e pequenas empresas, que já estão recebendo apoio por meio do Programa Cidade Empreendedora, uma parceria com a prefeitura.
Para o prefeito Mário Galinho, esse é só o começo: “O Cidade Empreendedora aposta no potencial do nosso povo. O programa é um passo decisivo para fazer de Paulo Afonso um novo polo econômico, com ações de gestão, educação empreendedora e redução da burocracia”.
Mais oportunidades para quem quer crescer
Os olhos dos empreendedores e produtores rurais brilhavam no auditório. Não era para menos: o programa já traz cursos, consultorias, crédito facilitado e assistência para quem deseja abrir ou ampliar seu negócio. Até a agricultura familiar, que hoje representa só 0,8% do PIB, entrou na rota de crescimento.
André Vitor, secretário de Desenvolvimento Rural, reforçou a importância de olhar para o campo. E o espaço reservado aos produtores locais provou que tem muita gente querendo transformar o sertão baiano num polo de oportunidades.
Outro setor com potencial? O turismo! O Rio São Francisco, com toda sua beleza, e o complexo hidrelétrico, com sua história e valor educativo, têm tudo para colocar Paulo Afonso no mapa das experiências turísticas e culturais.
Educação: a base de tudo
A professora doutora Ana Patrícia Amaral, da UNIRIOS, trouxe um lembrete fundamental: sem educação de qualidade, não há desenvolvimento que se sustente. Ela defendeu a formação de lideranças comprometidas com a transformação social, mostrando que investir nas pessoas é o caminho mais seguro para um crescimento duradouro.
Os números mostram que Paulo Afonso está, sim, no rumo certo. Nos últimos dez anos, o nível de atividade econômica cresceu quase 87%. Só nos primeiros seis meses de 2025, foram abertos 594 novos empregos formais, superando com folga o saldo do ano passado.
E agora, qual o próximo passo?
Com o fórum concluído, o desafio é transformar as ideias em ações. A criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico vai para votação na Câmara de Vereadores, enquanto o Programa Cidade Empreendedora já começa a sair do papel com o apoio do SEBRAE.
Os próximos meses prometem novidades: cursos, crédito especial, consultorias e programas para incentivar a chegada de novas empresas. Para quem vive, trabalha e investe em Paulo Afonso, é hora de ficar atento às oportunidades que estão chegando.
Depois de décadas sendo referência em energia hidrelétrica, Paulo Afonso mostra que pode ir muito além. A cidade está pronta para escrever um novo capítulo — um capítulo em que o maior ativo é, sem dúvida, a força, a criatividade e o talento do seu povo. Um futuro mais diversificado, sustentável e próspero está só começando. E você, vai fazer parte dessa história?