Nos últimos meses, a disputa política na Bahia ganhou um tom repetido: o entorno do governador Jerônimo Rodrigues passou a rotular o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, como “desistente” sempre que seu nome surgia na cobertura jornalística.
Como a narrativa foi construída
Segundo relatos, a estratégia contou com o apoio da estrutura estadual. A intenção foi transformar ACM Neto em azarão, explorando o cenário favorável a um governador candidato à reeleição e diminuindo a visibilidade do adversário nas narrativas públicas.
Na prática, o governo ampliou a articulação política, aproximou antigos opositores e intensificou a presença do próprio Jerônimo Rodrigues em cidades do interior — uma tentativa clara de reforçar a imagem do gestor mais ligado ao campo, em contraste com o político de gabinete.
“desistente” e “fora da disputa”, expressões empregadas pelo entorno do governador ao tratar do nome de ACM Neto.
Mas por que essa narrativa importa? Porque, em campanha, percepção vira vantagem: reduzir a credibilidade do adversário pode tirar espaço na cobertura e na cabeça do eleitor.
Do lado de ACM Neto, a posição pública permaneceu consistente: ele afirmou em diversas ocasiões que só tomaria uma decisão sobre seu futuro político no início de 2026. Observadores avaliaram como pequena a probabilidade de ele não disputar o pleito — uma comparação feita por fontes com as chances de o governador não tentar a reeleição.
No plano nacional, o fortalecimento do presidente Lula, que confirmou a candidatura à reeleição, foi apontado como um fator que aumentou as chances eleitorais do governador na Bahia, especialmente após falhas atribuídas a segmentos da direita associados ao bolsonarismo radical. A análise política também destacou que ACM Neto ainda não dispunha de um candidato a presidente ao qual pudesse se vincular de forma sólida.
Governistas passaram a afirmar que o ex-prefeito já havia desistido ou que prolongava uma eventual desistência por “medo” de enfrentar a disputa. Por outro lado, aliados de ACM Neto mantiveram a expectativa de que ele cumpriria o prazo anunciado e confirmaria sua decisão no início de 2026.
“medo”, termo usado por governistas para justificar a tese de suposta desistência de ACM Neto.
No fim das contas, o que segue sendo o principal ponto de atenção para todas as partes é o mesmo: o prazo declarado por ACM Neto — o início de 2026 para anunciar o rumo do seu futuro político.

