Rubens Oliveira Costa, economista apontado como sócio de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, foi preso em flagrante na segunda-feira (22) durante depoimento à CPMI do INSS e liberado horas depois por decisão liminar do ministro Luiz Fux, do STF. Em oitiva, Costa negou participação em descontos ilegais de benefícios, mas confirmou ter transferido R$ 950 mil a Antunes — movimentações que reforçam suspeitas sobre o esquema bilionário investigado.
Etapa na CPMI e decisão do STF
A sessão foi presidida pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG. A pedido do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), a Polícia Legislativa prendeu Costa por suposto falso testemunho e ocultação de documentos. Na madrugada de terça-feira (23), ele foi solto sem fiança, amparado por habeas corpus que o protegia de prisões cautelares e o dispensava de responder a perguntas com potencial de autoincriminação.
Quem é o “Careca do INSS” e o que dizem as investigações
Apontado pela Polícia Federal como operador central, Antunes é suspeito de articular repasses a servidores do INSS e de fornecer dados de beneficiários a entidades que efetuavam descontos sem autorização. Segundo as apurações, o esquema drenou mais de R$ 53 milhões de associações que prestavam serviços a aposentados e pensionistas. Costa teria atuado como diretor financeiro em empresas ligadas a Antunes, com procurações para movimentar contas de alto volume.
Admissão de transferências e versão da defesa
Em depoimento, Costa admitiu ter transferido cerca de R$ 950 mil ao “Careca do INSS”. Ele, no entanto, negou irregularidades e disse que os valores se referem a “serviços de gestão administrativa e financeira” prestados em consultorias. Documentos fiscais apontam ainda aumento de renda declarada do economista — de R$ 69 mil em 2021 para R$ 537 mil em 2024 — e movimentação de R$ 1,3 milhão apenas em 2024, números que, para investigadores, podem indicar descompasso entre rendimentos e transações.
Operações recentes e cronologia
No início de setembro, a PF deflagrou a Operação Cambota, cumprindo mandados de prisão preventiva contra Antunes e buscas em endereços ligados ao grupo, com autorização do STF. Em 15 de setembro, o ministro André Mendonça dispensou a presença de Antunes em sessão da CPMI, o que levou ao cancelamento da oitiva. O depoimento foi remarcado para quinta-feira (25).
Impacto sobre aposentados e pensionistas
As fraudes investigadas atingem diretamente beneficiários de baixa renda. Descontos não autorizados em proventos mensais comprometem despesas básicas de famílias que dependem integralmente desses recursos. A CPMI busca mapear como o esquema se susteve por anos, a eventual participação de servidores e a atuação de entidades e empresas de fachada — inclusive com uso de offshores — para dificultar o rastreamento do dinheiro.
Próximos passos
A comissão retomará as oitivas com a presença de Antunes. As informações colhidas serão compartilhadas com o STF. Paralelamente, a Secretaria de Polícia do Senado conclui inquérito próprio, que deve ser enviado ao Judiciário para eventual ação penal. Quebras adicionais de sigilos bancário e fiscal estão no horizonte, com a expectativa de detalhar fluxos financeiros, hierarquia do grupo e responsabilização de outros envolvidos.
O que falta esclarecer
Seguem sem resposta a origem exata dos recursos movimentados por Costa, a extensão da rede de colaboradores e o grau de participação de servidores públicos nas fraudes. Também não há, por ora, confirmação sobre eventual acordo de colaboração de investigados.