Em 24 de agosto, a Coreia do Norte afirmou ter lançado dois mísseis de defesa aérea de curto alcance. A agência estatal KCNA descreveu as armas como de “capacidade de combate superior”, mas não informou onde foram disparadas.
A KCNA também disse que o modo de operação e reação desses sistemas se apoia em tecnologia “única e especial”, porém não apresentou detalhes técnicos nem imagens que permitam verificação independente. Em linguagem direta: faltam provas públicas que confirmem as alegações.
O que relatórios abertos mostram
Relatórios e análises públicas continuam oferecendo estimativas sobre o arsenal norte-coreano. Um estudo do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), publicado em agosto, apontou a existência de até 20 instalações de mísseis não declaradas. O documento citou uma base em Sinpung-dong, a cerca de 27 quilômetros da fronteira com a China, que poderia abrigar entre seis e nove ICBMs Hwasong-15 ou Hwasong-18 com seus lançadores ou transportadores.
Sistemas frequentemente atribuídos a Pyongyang
- Hwasong-15 (KN-22): míssil balístico intercontinental, com cerca de 22,5 metros e alcance estimado em até 13.000 km; primeiro teste registrado em 2017.
- Hwasong-18: ICBM de combustível sólido, projetado para lançamentos mais rápidos e manuseio facilitado.
- Hwasong-19: ICBM testado pela primeira vez em novembro de 2024, desenvolvido em reação a movimentos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.
- Hwasong-9: míssil de médio alcance (aprox. 1.000 km), com cerca de 13,5 metros de comprimento; pode ser equipado com ogivas convencionais, nucleares, químicas ou biológicas.
- Hwasong-6: sistema de curto alcance (cerca de 500 km), em serviço desde 1991 e já exportado a outros países.
Relatos de 2025 indicaram também o surgimento de mísseis antiaéreos de curto alcance, pensados para interceptar drones e mísseis de cruzeiro — tecnologia que as comunicações oficiais chamaram de “única e especial”. A Federação de Cientistas Americanos (FAS) estimou, em 2024, que a Coreia do Norte teria material suficiente para fabricar até 90 ogivas nucleares, com cerca de 50 delas provavelmente já montadas, segundo projeções de analistas.
É importante lembrar que grande parte dessas informações vem de imagens de satélite, análises de inteligência e estimativas públicas. Isso torna difícil verificar com precisão quantos mísseis ou ogivas estão realmente em serviço. A KCNA não detalhou o local do lançamento de 24 de agosto nem o número exato de armas envolvidas.
Fica a pergunta: quando e como aparecerão evidências independentes que confirmem essas alegações? Até lá, as análises públicas continuam sendo o melhor termômetro disponível — úteis, mas com limites claros.