Um levantamento conduzido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e divulgado pelo G1 em 2023, trouxe dados que chamam atenção: o consumo de álcool entre adolescentes voltou a crescer e traços de dependência aparecem em parcela desses jovens.
Principais achados
O estudo, que integra o 3º Lenad e ouviu 16.608 pessoas de todas as regiões do país, mostrou que 5,7% dos adolescentes já apresentavam transtorno pelo uso de álcool — acima dos 4,6% registrados em 2012. Ao mesmo tempo, o percentual de adultos que consome álcool caiu: de 50,2% em 2006 para 42,5% em 2023.
Mas há um ponto preocupante: episódios de consumo pesado continuam altos em todas as idades. Ou seja, mesmo com menos adultos bebendo, quando bebem muitos exageram. O que esses números nos dizem sobre hábitos e cultura do consumo?
- 1 em cada 3 adultos teve ao menos uma ocasião de consumo pesado (seis ou mais doses);
- 5,7% dos adolescentes apresentavam transtorno pelo uso de álcool;
- Entre os jovens, 1 em cada 9 apresentou critérios para uso problemático;
- As regiões Sul e Centro-Oeste tiveram as maiores taxas de adolescentes que já experimentaram álcool (36,7% e 32,9%, respectivamente);
- A média semanal de consumo foi de 5,3 doses.
Idade de contato e padrão de risco
O levantamento aponta que a experimentação começa cedo: 56% da população provou bebida alcoólica antes dos 18 anos e 25,5% passou a beber regularmente ainda na adolescência. Outra constatação foi que a proporção de meninas adolescentes com transtorno relacionado ao álcool superou a de meninos.
Entre quem consome cerveja, o padrão de risco foi marcante: 31% apresentaram uso de risco e 28,6% foram classificados com dependência. No recorte por gênero, entre os homens que bebiam 68,8% relataram consumir seis ou mais doses em uma única ocasião, ante 47,7% das mulheres.
No total, o padrão de uso associado à intoxicação aguda e outros desfechos adversos foi registrado em 34,7% da população adulta.
Impacto e procura por ajuda
Os dados também mostram que muitas pessoas reconhecem o problema: cerca de 19,9 milhões de brasileiros declararam querer reduzir o consumo de álcool, e 12,6 milhões já haviam procurado algum tipo de ajuda ou tratamento.
A Organização Mundial da Saúde, citada no material do levantamento, reforça que não existe nível de consumo de álcool considerado totalmente seguro em qualquer idade.
Por fim, a divulgação dos resultados foi feita pelo G1 como parte do 3º Lenad; o material não detalhou desdobramentos ou medidas futuras anunciadas junto com os dados.