Na terça‑feira (28), o embaixador da China no Brasil, Zhu Quingqiao, garantiu ao vice‑presidente e ministro Geraldo Alckmin que vai abrir canais de diálogo com o setor automotivo para dar prioridade à exportação de semicondutores a empresas brasileiras — uma medida voltada a evitar um possível desabastecimento na produção de carros flex.
Mas o que isso muda na prática?
O que foi combinado
A declaração veio depois de uma reunião entre Alckmin e representantes da Anfavea, Sindipeças, Abipeças e de trabalhadores, que pediram apoio do governo brasileiro junto às autoridades chinesas para mitigar os efeitos das disputas internacionais sobre a fabricação de semicondutores.
Sobre o encontro, Alckmin afirmou: “Trata‑se de uma excelente notícia”. Ele ressaltou a importância da cadeia automotiva, que emprega cerca de 1,3 milhão de pessoas e impacta setores como o siderúrgico, químico, plástico e borracha. O vice‑presidente também disse que ainda é preciso verificar como a prioridade na exportação será operacionalizada.
Contexto do problema
O receio de falta de chips começou após a intervenção do governo da Holanda na Nexperia — subsidiária da chinesa Wingtech que opera na Holanda. A empresa detém cerca de 40% do mercado mundial dos semicondutores essenciais para veículos flex. Haia invocou a Lei de Disponibilidade de Bens, citando sinais de deficiências de governança e risco à continuidade de capacidades tecnológicas na Europa.
Em resposta, o governo chinês suspendeu a exportação de semicondutores produzidos em uma fábrica na China. As montadoras brasileiras foram avisadas de que a fabricação dos chips poderia ser interrompida em até três semanas. A Nexperia foi apontada como a única fornecedora dos semicondutores usados pelas fabricantes de automóveis no Brasil.
Por que isso importa
Cada veículo demanda, em média, 1.000 a 3.000 chips para operar sistemas fundamentais, como:
- controle do motor;
- sensores;
- airbags;
- sistemas de freio ABS;
- injeção eletrônica.
Próximos passos
O embaixador chinês se comprometeu a abrir canais de diálogo com o setor automotivo brasileiro. A Anfavea saudou a intervenção do governo brasileiro como medida preventiva e afirmou que acompanhará os desdobramentos.
Em nota, a associação disse: “Vamos acompanhar os desdobramentos nos próximos dias e dar suporte às empresas da cadeia de suprimentos para que possam restabelecer as compras dos semicondutores o mais rápido possível e normalizar o envio de peças às fabricantes”.
Como concluiu Alckmin: “Ainda temos de ver como isso se dará na prática, mas hoje demos um passo importante para que a indústria automotiva brasileira continue crescendo e gerando empregos de qualidade”. Resta agora acompanhar os próximos dias para ver como a prioridade de exportação será implementada.

