O fluxo das exportações brasileiras de carne bovina registra uma reorientação significativa, com o México emergindo como o segundo maior importador do produto, superando os Estados Unidos. Os dados, compilados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) até 28 de julho, indicam que a mudança reflete um cenário de queda nas vendas para o mercado norte-americano, impactado por novas taxas.
Historicamente, os Estados Unidos figuravam entre os maiores destinos da carne bovina brasileira. Contudo, em abril, quando o governo do então presidente Donald Trump impôs uma taxa global de 10% sobre diversos produtos importados, o volume de compras atingiu 44,2 mil toneladas, movimentando US$ 229 milhões. Esse cenário se alterou drasticamente, e em junho o volume despencou para 13,5 mil toneladas e US$ 75,4 milhões. A queda se aprofundou em julho, com apenas 12,3 mil toneladas e US$ 68,7 milhões exportados para os EUA até o dia 28, representando uma redução de 70% em relação a abril.
Ascensão Mexicana e Expansão Chinesa
Em contraste direto com a queda das compras norte-americanas, o México desponta como um novo e robusto parceiro comercial. Em janeiro deste ano, o país importou apenas 3,1 mil toneladas de carne brasileira. Esse volume saltou para 11 mil toneladas em abril e atingiu um recorde de 16,2 mil toneladas em junho, um aumento notável de 423% em seis meses. Até 28 de julho, o México já havia gasto US$ 69 milhões, superando ligeiramente os US$ 68,7 milhões dos Estados Unidos no mesmo período, com volumes equivalentes de 12,1 mil toneladas (México) e 12,3 mil toneladas (EUA).
A China mantém sua posição de liderança absoluta, sendo responsável por mais da metade da carne bovina exportada pelo Brasil. Em junho, as importações chinesas alcançaram US$ 740 milhões, e até 28 de julho já somavam mais de US$ 732 milhões, com 132 mil toneladas adquiridas. Esse volume representa o segundo maior registro mensal de compras na história.
Outro mercado em ascensão é o Chile, que elevou suas importações de US$ 45 milhões em janeiro para US$ 47 milhões em abril e, em julho, alcançou mais de US$ 66,5 milhões, aproximando-se dos volumes de México e Estados Unidos.
Recorde de Exportação e Perspectivas
Apesar das turbulências no mercado norte-americano, as exportações globais de carne bovina do Brasil, o maior exportador mundial, registraram um recorde histórico em julho. O mês, considerando dados até o dia 28, já acumulava US$ 1,352 bilhão, superando os US$ 1,313 bilhão de junho e marcando a maior cifra mensal da última década, com alta de 30% em comparação com julho do ano anterior.
A partir de 6 de agosto, a carne brasileira enfrentará uma sobretaxa de 50% nos Estados Unidos, conforme anunciado. O governo federal e os produtores brasileiros seguem em negociação com autoridades americanas para tentar reverter a medida, argumentando que a tarifa não beneficia o consumidor final. As tratativas são conduzidas com a expectativa de um longo processo, incluindo a possibilidade de diálogo entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.