A comunidade de Cajazeiras, em Salvador (BA), se mobilizou para oficializar um novo percurso do Carnaval: o Circuito Ancestral. A iniciativa surge depois do reconhecimento, pelo Governo da Bahia, do ‘Circuito das Águas’ em Itapuã e faz parte de um movimento que pode ampliar de oito para dez os espaços oficiais da folia em 2025.
O que isso muda para o bairro? Em linhas gerais, é a chance de recuperar identidade cultural, segurar investimentos por perto e valorizar quem faz a festa acontecer no território.
Na reunião com o Conselho Municipal de Carnaval (Comcar), produtores, artistas e comerciantes se uniram para articular a proposta. O presidente do Comcar, Washington Paganelli, destacou essa união e a importância de fortalecer festas fora dos roteiros tradicionais.
“Tinham quase 100 pessoas na reunião, entre produtores e artistas, na qual fizeram algumas reivindicações justas, que o Carnaval já acontece, só que agora nós estamos pensando em criar um circuito novo do Carnaval de Cajazeiras, já escolheram um nome maravilhoso que é o Carnaval Circuito Ancestral, e são 11 blocos querendo oficializar esse circuito”, disse Washington Paganelli.
O que está proposto
O projeto-piloto do Circuito Ancestral foi apresentado por lideranças comunitárias, comerciantes e produtores culturais e tem previsão de implantação para o Carnaval de 2026. A rota proposta sairia do Mercado Municipal de Cajazeiras até o Campo da Pronaica, usando pranchas sonoras de pequeno porte para priorizar artistas e blocos locais.
Organizadores afirmam que a falta de um circuito estruturado vinha levando à perda de identidade e à fuga de investimentos: blocos já consolidados, com impacto regional, acabam desfilando em roteiros externos como o Ouro Negro por falta de infraestrutura local. Como parte do plano, prevê-se participação direta do comércio: cerca de 40% do financiamento viria de comerciantes da região.
Impacto estimado
O estudo apresentado detalha possíveis efeitos econômicos e sociais do circuito:
- Aglomeração prevista de até 8 mil pessoas durante o desfile;
- Geração de renda para trabalhadores informais e estímulo à economia solidária;
- Previsão de atuação de cerca de 250 ambulantes e 200 recicladores;
- Valorização da produção artística local.
Antes de assumir a presidência do Comcar, Paganelli já defendia a ampliação de circuitos de bairro como forma de dinamizar cultural e economicamente territórios, citando o Circuito Mestre Bimba, no Nordeste de Amaralina, como exemplo de como um roteiro alternativo pode movimentar a região.
Os próximos passos incluem a busca formal pela oficialização do Circuito Ancestral junto aos órgãos responsáveis e a articulação de apoio técnico e financeiro para viabilizar o projeto-piloto de 2026. Enquanto isso, a perspectiva de expansão para dez circuitos em 2025 segue como pano de fundo para as reivindicações de Cajazeiras — uma janela de oportunidade para o bairro recuperar espaço e visibilidade no mapa do Carnaval.