A Caixa anunciou que vai entrar no mercado de apostas online, com a expectativa de tirar a plataforma do papel até o fim de novembro. A informação foi confirmada pelo presidente Carlos Vieira, que apresentou o projeto como uma forma de diversificar receitas e dialogar mais com a classe média.
O plano em linhas gerais
A instituição registrou três marcas — BetCaixa, MegaBet e Xbet Caixa — e recebeu autorização da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) para explorá‑las até o fim de 2029. Para fazer a ponte entre canais digitais e pontos físicos, a Caixa fechou parceria com a fornecedora internacional Playtech – VS Technolog, que teria a missão de integrar os sistemas das lotéricas à plataforma online.
Em palavras do presidente: “Nosso objetivo é que a bet esteja no ar até o final de novembro. Este ano, os números acumulados com as loterias foram menores, e isso interfere nos resultados.”
Desafios operacionais e regulatórios
O projeto enfrenta regras exigentes que tornam a operação nas unidades físicas mais complexa. Em termos práticos, a norma prevê:
- identificação rigorosa do jogador — documento e cadastro completo;
- reconhecimento facial em pontos de venda;
- pagamentos apenas por meios eletrônicos (PIX, TED e cartões), sem uso de dinheiro em espécie.
Será que essas exigências não afastam parte do público que ainda prefere pagar em dinheiro? Esse tipo de barreira pode limitar a transição entre lotérica e site para muita gente.
Projeções e contexto de mercado
Os executivos da Caixa estimaram arrecadação entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões já em 2026 com a nova operação — número que, se confirmado, colocaria o banco entre os principais players do setor, segundo reportagens que repercutiram a informação.
O mercado vem crescendo: a SPA registrou movimentação de cerca de R$ 17,4 bilhões no primeiro semestre de 2025 (valor apurado como total apostado menos prêmios pagos), com média de R$ 983 por jogador ativo no período, ou aproximadamente R$ 164 por mês. O país tinha 78 empresas autorizadas e 182 marcas de apostas. A Receita Federal arrecadou R$ 4,73 bilhões em impostos sobre jogos nos sete primeiros meses de 2025 — desses, R$ 2,6 bilhões vieram das bets, 24% a mais do que as loterias.
O cenário das loterias
A aposta da Caixa chega num momento de queda nas receitas das loterias tradicionais: a arrecadação foi de R$ 5,5 bilhões no primeiro trimestre de 2025, uma retração de 29% em relação ao fim de 2024 e de 10% em 12 meses. Mesmo assim, a Caixa destacou eventos sazonais de peso — a Mega da Virada responde por cerca de 10% da arrecadação anual das loterias; o prêmio em 2024 foi de R$ 635,4 milhões, dividido entre oito apostas.
Além de avançar nas apostas digitais, Vieira disse que a Caixa seguirá reforçando áreas como crédito habitacional e financiamentos voltados à classe média, mantendo a operação das loterias enquanto busca consolidar espaço no novo mercado.
Em resumo: a ideia está lançada, o calendário é apertado e as projeções são ambiciosas — resta ver como as exigências regulatórias e a preferência dos consumidores vão moldar a adoção, tanto online quanto nas lotéricas.

