A Amazônia — o maior bioma do Brasil e uma das maiores florestas tropicais do planeta — voltou ao centro das atenções antes da COP30, marcada para novembro em Belém, no Pará. O motivo é simples e urgente: desmatamento e queimadas continuam a ameaçar a floresta e o governo brasileiro leva a Belém uma proposta para financiar a conservação.
O que está em debate
A proposta em discussão prevê a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). A ideia é agregar investimentos públicos e privados e direcionar recursos diretamente a quem trabalha para conservar a floresta — incluindo povos indígenas — segundo informações oficiais divulgadas nas tratativas preparatórias.
Os números que pesam
Os dados apresentados são contundentes e ajudam a entender por que há pressa:
- A Amazônia perdeu, entre 1985 e 2023, mais de 88 milhões de hectares, segundo análise do MapBiomas Amazônia, da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG).
- Nas áreas desmatadas, o uso do solo mudou muito: a agricultura cresceu cerca de 598% e a pecuária, 298%.
- O papel climático da floresta também foi destacado por especialistas: segundo Tasso Azevedo, a Amazônia evapora cerca de 20 bilhões de toneladas de água por dia, formando os chamados rios voadores que transportam umidade e irrigam safras em outras partes da América do Sul.
“Amazônia está à beira do precipício”
Essa frase de Carlos Nobre resume o sentido de urgência que permeou o debate.
Cláudio Angelo, do Observatório do Clima, chamou a atenção para um ponto prático: o setor pecuário tende a ser conservador e, enquanto a compra de terras e a destruição da vegetação continuarem vantajosas, será difícil deslocar muitas pessoas para modos de vida sustentáveis.
Do papel à prática
Em Belém, a discussão não foi só sobre metas e números, mas sobre dinheiro e operacionalidade: quanto custaria salvar a maior floresta tropical do mundo e como o TFFF poderia garantir que os recursos cheguem de fato a quem protege a floresta. As negociações internacionais e a apresentação formal da proposta pelo Brasil na COP30 foram confirmadas entre os pontos a serem deliberados pelos líderes.
Ao final, fica a pergunta que ninguém quer adiar: quem paga e como garantir que o apoio financeiro transforme-se em proteção real no solo da floresta? As decisões tomadas em Belém terão impacto direto nas próximas décadas.