O Governo da Bahia publicou uma instrução de serviço para levar energia elétrica a comunidades remotas nas ilhas do Rio São Francisco, nos municípios de Ibotirama e Xique‑Xique. A proposta é prática: usar usinas solares comunitárias integradas a microrredes off‑grid apoiadas por bancos de baterias — uma alternativa quando ampliar a rede convencional não compensa técnica nem economicamente.
A medida foi assinada pelo secretário de Infraestrutura, Sérgio Brito, e pelo superintendente da SUPEC, Celso Cavalcante Rodrigues. O foco é enfrentar o déficit crônico de energia que afeta as comunidades ribeirinhas — onde kits solares antigos já não dão conta da iluminação, do funcionamento de escolas e postos de saúde, nem de atividades econômicas como a refrigeração do pescado ou a irrigação.
Como serão os sistemas
Os projetos deverão prever bancos de baterias dimensionados para, no mínimo, 24 horas de autonomia ininterrupta. Módulos fotovoltaicos, inversores, controladores e luminárias LED terão de atender às certificações do INMETRO e às normas técnicas da ABNT. A SUPEC fica indicada como órgão técnico responsável pelo planejamento e pela emissão das diretrizes.
O documento descreve usinas comunitárias e microrredes isoladas, pensadas para funcionar como pequenos “pontos de luz” locais que alimentam casas, serviços e equipamentos coletivos.
Impacto previsto
O projeto estimou consumo médio por unidade consumidora em cerca de 250 KWh/mês e alinhou a iniciativa a objetivos de inclusão social, segurança energética e sustentabilidade ambiental. Também prevê incentivar a agroindústria familiar — com destaque para a agricultura apoiada por sistemas de irrigação — e a instalação de iluminação pública em LED.
Ilhas piloto
- Ilha da Grande Ibotirama (Ibotirama)
- Ilha da Gado Bravo / Saco (Ibotirama)
- Ilha da Champrona (Xique‑Xique)
- Ilha da Pestana (Xique‑Xique)
Para o fim da vida útil dos equipamentos, a instrução determina responsabilidade compartilhada conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos: fabricantes, importadores e fornecedores devem implementar sistemas de logística reversa, e o descarte em aterros comuns ou em áreas de preservação fica proibido.
A Secretaria de Infraestrutura, com suporte técnico da SUPEC, ficará responsável pelo desenvolvimento, implantação e avaliação das soluções de geração distribuída — etapas apontadas como essenciais para tornar o acesso à energia nas comunidades ribeirinhas regular e sustentável. É um passo concreto para que localidades isoladas deixem de depender de soluções temporárias e ganhem um serviço mais confiável e duradouro.

